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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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3.1. O conceito de <strong>mal</strong><br />

3.1.1. O <strong>mal</strong> natural e o <strong>mal</strong> moral<br />

A perspectiva <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> nos r<strong>em</strong>ete ao conceito de <strong>mal</strong>. Explicar<br />

esse conceito não é fácil. As questões que o cercam pod<strong>em</strong> nos conduzir <strong>em</strong><br />

várias direções, por ex<strong>em</strong>plo, a <strong>probl<strong>em</strong>a</strong>tizar o conceito pelo viés da<br />

psicologia, ou então a limitá-lo como um <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> relaciona<strong>do</strong> à ética, ou ainda<br />

a tratá-lo como uma questão social. De fato, todas essas áreas envolv<strong>em</strong> esse<br />

conceito, cada uma dan<strong>do</strong> ao <strong>mal</strong> a definição que lhe é cabível no respectivo<br />

contexto.<br />

Na filosofia, a interpretação desse fenômeno v<strong>em</strong> de longe, desde os<br />

gregos. Como vimos anteriormente, a discussão mistura duas questões: o que<br />

é o <strong>mal</strong> e qual a orig<strong>em</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong>. Com o advento <strong>do</strong> cristianismo e sua<br />

repercussão <strong>do</strong>utrinária no mun<strong>do</strong> ocidental essa mistura ganhou novos<br />

ingredientes.<br />

Como vimos <strong>em</strong> Agostinho e <strong>em</strong> to<strong>do</strong> processo posterior a ele, a idéia<br />

<strong>do</strong> <strong>mal</strong> estava associada à privação <strong>do</strong> b<strong>em</strong> no contexto da maravilha da<br />

criação. Embora não fosse um ente, o <strong>mal</strong> tinha o status de uma explicação<br />

metafísica, ou seja, era concebi<strong>do</strong> como a privação de alguma coisa que um<br />

determina<strong>do</strong> ser deveria ter. Assim, o <strong>mal</strong> não t<strong>em</strong> uma natureza positiva, mas<br />

é justamente a falta de algo positivo correspondente ao que deve ser a<br />

realidade que existe como propósito divino.<br />

Leibniz avançou um pouco mais na questão e definiu o <strong>mal</strong> <strong>em</strong> senti<strong>do</strong>s<br />

diferencia<strong>do</strong>s, como metafísico, moral e natural, além de estabelecer uma<br />

cadeia de relações entre eles.<br />

Essa definição <strong>do</strong> termo se torna indispensável para maior clareza e<br />

discussão. Ver<strong>em</strong>os a seguir que a definição <strong>do</strong> conceito é trabalhada por<br />

Swinburne <strong>em</strong> duas frentes. Em uma, ele segue a conceituação definida <strong>em</strong><br />

termos <strong>do</strong>s aspectos chama<strong>do</strong>s de <strong>mal</strong> moral e <strong>mal</strong> natural, enquanto <strong>em</strong> outra<br />

frente ele tenta fazer uma distinção entre mau e <strong>mal</strong>igno.<br />

Antes de definirmos esses termos, é preciso esclarecer uma questão<br />

terminológica. Como é freqüente nos autores ingleses, Swinburne usa a<br />

expressão “esta<strong>do</strong> de coisas” (state of affairs) para designar os fatos no senti<strong>do</strong><br />

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