o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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3. O MAL COMO PROBLEMA PARA O TEÍSMO<br />
Que o <strong>mal</strong> acontece e é percebi<strong>do</strong> pelos senti<strong>do</strong>s das criaturas que<br />
habitam neste mun<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua esfera física é um fato inegável. Presenciamos<br />
no mun<strong>do</strong> cont<strong>em</strong>porâneo ações tão cruéis e desmedidas que nos<br />
perguntamos o que leva seus agentes a pensar<strong>em</strong> acerca de si mesmos como<br />
auto-suficientes, como uma espécie superior, que até se sente no direito de<br />
humilhar, ferir, matar o próximo.<br />
Além disso, a natureza cega <strong>do</strong> <strong>mal</strong> – especialmente o <strong>mal</strong> que t<strong>em</strong> sua<br />
orig<strong>em</strong> na natureza, os terr<strong>em</strong>otos, enchentes, incêndios e outras catástrofes –<br />
faz o <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> persistir inquietan<strong>do</strong> os religiosos: se Deus é bom, por que<br />
coisas más acontec<strong>em</strong> até mesmo aos justos<br />
A análise <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> nos r<strong>em</strong>ete a <strong>do</strong>is pontos cruciais: um é o<br />
conceito de <strong>mal</strong> e o que realmente são as coisas que nos traz<strong>em</strong> to<strong>do</strong> tipo de<br />
infortúnio nessa vida. O outro é se essas coisas pod<strong>em</strong> comprometer uma<br />
hipótese, no caso a hipótese teísta, que t<strong>em</strong> nas evidências <strong>do</strong> cotidiano um<br />
<strong>do</strong>s principais el<strong>em</strong>entos argumentativos de sua sustentação.<br />
O próprio Swinburne enquanto adepto <strong>do</strong> conceito de Deus abraça<strong>do</strong><br />
pelo monoteísmo ocidental entende que é necessário dar essas explicações.<br />
Ao fazê-lo ele desenvolve algumas postulações sobre o <strong>mal</strong> que mais adiante<br />
serão justificadas por meio de uma teodicéia.<br />
Enfrentar esse <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> é realmente algo inevitável para o teísta que<br />
t<strong>em</strong> o projeto de afirmar racionalmente a existência de Deus. A<br />
incompatibilidade entre a existência de Deus e a faticidade <strong>do</strong> <strong>mal</strong> no mun<strong>do</strong>,<br />
levantada pelo ateu, deve ser examinada sob a ótica tanto <strong>do</strong> conceito de <strong>mal</strong><br />
quanto <strong>do</strong> argumento que leva a essa incompatibilidade.<br />
A solução de Swinburne que hora apresentamos seguirá inicialmente<br />
explican<strong>do</strong> o conceito de <strong>mal</strong> que ele a<strong>do</strong>ta. Essa linha de raciocínio é<br />
pertinente porque a distinção entre <strong>do</strong>is tipos de <strong>mal</strong>, que ele introduz, lhe será<br />
útil na hora de atribuir responsabilidades pela ocorrência <strong>do</strong> <strong>mal</strong>. Ver<strong>em</strong>os que<br />
isso será um ponto de sustentação importante para sua tese de que o <strong>mal</strong> não<br />
é um <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> que sozinho comprometa a probabilidade da existência de<br />
Deus.<br />
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