o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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O segun<strong>do</strong> pressuposto refere-se ao exercício da liberdade humana.<br />
Nesse caso dev<strong>em</strong>os admitir que a liberdade só é possível <strong>em</strong> um quadro de<br />
possibilidades factíveis.<br />
O t<strong>em</strong>a da liberdade ao ser aborda<strong>do</strong> por Leibniz, leva-o a afastar as<br />
más compreensões que geralmente surg<strong>em</strong> <strong>em</strong> função da onisciência divina e<br />
se traduz<strong>em</strong> na forma <strong>do</strong> determinismo. O principal <strong>probl<strong>em</strong>a</strong>, que daí decorre,<br />
é a concepção de que se tu<strong>do</strong>, inclusive o futuro, está diante de Deus, é certo<br />
que acontecerá e por isso não há liberdade no hom<strong>em</strong>.<br />
Essa determinação [<strong>do</strong>s futuros contingentes] advém da própria<br />
natureza da verdade e não pode ferir a liberdade [...] A verdade<br />
necessária é aquela na qual o contrário é impossível ou implica<br />
contradição. A verdade que afirma que eu escreverei amanhã não é<br />
dessa natureza, não é necessária. Mas supon<strong>do</strong>-se que Deus a<br />
antevê, é necessário que ela ocorra; isto é, a conseqüência é<br />
necessária, ou seja, que ela exista, já que foi antevista, pois Deus é<br />
infalível. Isto é o que se denomina uma necessidade hipotética. Mas<br />
não é essa a necessidade de que se trata aqui: È uma necessidade<br />
absoluta que se deve exigir para que se afirme que uma ação é<br />
necessária, que não é contingente, que não é o efeito de uma livre<br />
escolha. Por outro la<strong>do</strong>, vê-se facilmente que a pré-ciência <strong>em</strong> si<br />
mesma nada acrescenta à determinação da verdade <strong>do</strong>s futuros<br />
contingentes, salvo enquanto essa determinação é conhecida: e isso<br />
não aumenta a determinação ou a “futurização” (como é<br />
denominada) <strong>do</strong>s eventos, com o que certamente concordamos 30<br />
Para não prejudicar a idéia de que Deus conhece todas as coisas, ele<br />
procura mostrar que existe uma relação direta entre as condições <strong>em</strong> que<br />
opera a vontade humana, que é espontânea, como liberdade, e o<br />
conhecimento que Deus t<strong>em</strong> sobre tais coisas. A idéia presente <strong>em</strong> Leibniz,<br />
chamada por alguns de possibilismo, de certa forma serve como uma<br />
blindag<strong>em</strong> para os d<strong>em</strong>ais argumentos.<br />
O fato de existir<strong>em</strong> todas as possibilidades e ser<strong>em</strong> estas exeqüíveis <strong>em</strong><br />
algum mun<strong>do</strong> possível faz com que sejam esperadas no melhor desses<br />
mun<strong>do</strong>s. Assim as ações ficam classificadas no campo da contingência <strong>em</strong><br />
vez <strong>do</strong> da necessidade. A partir de seu texto, pod<strong>em</strong>os concluir a forma pela<br />
qual essas características interag<strong>em</strong>.<br />
A espontaneidade inerente ao ser humano deve ser entendida na<br />
perspectiva de que, mesmo haven<strong>do</strong> condições pré-estabelecidas, o que irá<br />
30 LEIBNIZ, G.F. Theodicea, Ensayos sobre la bondad de Dios, la libertad del hombre y el<br />
origen del <strong>mal</strong>. Edición Digital. Consulta<strong>do</strong> <strong>em</strong> www.philosophia.cl/ Esc. de filosofía<br />
Universidad ARCIS. § 37, p 82.<br />
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