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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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Existe um Deus totalmente bom, sabe<strong>do</strong>r de todas as<br />

coisas e to<strong>do</strong> poderoso.<br />

Para um tal ser não há limites na sua capacidade de agir.<br />

Um ser bom s<strong>em</strong>pre irá eliminar to<strong>do</strong> o <strong>mal</strong> que ele pode.<br />

O Mal existe, então Deus não deve existir.<br />

Um teísta como Swinburne não t<strong>em</strong> dificuldade <strong>em</strong> concordar com as<br />

duas primeiras pr<strong>em</strong>issas, mas contesta a terceira qualifican<strong>do</strong>-a assim: "Um<br />

ser bom s<strong>em</strong>pre irá eliminar to<strong>do</strong> o <strong>mal</strong> que ele pode, a não ser que ele tenha<br />

uma boa razão para permitir que o <strong>mal</strong> ocorra." O cerne da resposta teísta<br />

passa a ser mostrar que realmente Deus está justifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> permitir o <strong>mal</strong>.<br />

Essa alternativa acaba por modificar o eixo <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong>. Exige que se<br />

aban<strong>do</strong>ne um argumento lógico dedutivo, ao introduzir uma explicação indutiva.<br />

Deixa de la<strong>do</strong> o silogismo como modelo explicativo, para assumir um<br />

argumento probabilístico. Essa estratégia pede uma explicação mais ampla<br />

para o <strong>probl<strong>em</strong>a</strong>, que leve <strong>em</strong> conta outros fatores de fundamentação.<br />

Inicialmente pode parecer um artifício de raciocínio, mas na verdade é a<br />

aplicação de novas linhas de pensamento, como defende Swinburne,<br />

amplamente utilizadas como recurso epist<strong>em</strong>ológico <strong>em</strong> diversos campos de<br />

conhecimento. Nesse caso, o que passa a ser crucial é explicar porque não<br />

sen<strong>do</strong> incompatível a existência de Deus com a <strong>do</strong> <strong>mal</strong>, que razões Deus<br />

poderia ter para permitir que o <strong>mal</strong> ocorra.<br />

4.2. Compatibilizar o <strong>mal</strong> com a existência de Deus<br />

A recolocação <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> na perspectiva indutiva, como propõe<br />

Swinburne, parece eliminar o para<strong>do</strong>xo, ao sugerir que observ<strong>em</strong>os os eventos<br />

e os fatos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> de tal maneira que, ainda que eles possam ser<br />

classifica<strong>do</strong>s como maus, tenham uma razão de ser.<br />

O <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> que surge aí é que, se assumirmos que o <strong>mal</strong> visto dessa<br />

forma não contradiz a existência de Deus, poderia ser questiona<strong>do</strong> se Deus<br />

não poderia ter usa<strong>do</strong> de outros meios para realizar o b<strong>em</strong>. Entretanto, ao<br />

reconhecermos que estamos limita<strong>do</strong>s pela condição humana, ficamos<br />

impedi<strong>do</strong>s de compreender toda a extensão das razões divinas e, portanto, o<br />

significa<strong>do</strong> para tanto <strong>mal</strong>.<br />

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