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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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Portanto, a onisciência aplica-se ao conhecimento da totalidade de<br />

coisas que pod<strong>em</strong> ser logicamente conhecidas <strong>em</strong> determina<strong>do</strong> instante, pois<br />

estão <strong>em</strong> condições de ser<strong>em</strong> levadas a efeito pelo agente que as deliberou.<br />

Ela não se estende às proposições sobre o futuro, que não têm valor de<br />

verdade e, por isso, não são conhecíveis, ou seja, por não ter<strong>em</strong> a natureza de<br />

uma ação que será levada a efeito se limitam a ser conhecidas<br />

proposicionalmente e não como fato.<br />

A outra razão é que alguém poderia questionar: por que Deus não põe<br />

um limite nas escolhas humanas para que essas não result<strong>em</strong> <strong>em</strong> vários tipos<br />

de <strong>mal</strong> que poderiam ser evita<strong>do</strong>s ou mesmo diminuí<strong>do</strong>s Esse é o outro<br />

aspecto cuja explicação é elaborada para que não se perca a harmonia entre<br />

os conceitos de liberdade humana e bondade divina.<br />

Swinburne postula que, se Deus interviesse para pôr limites nas<br />

escolhas humanas, não haveria senti<strong>do</strong> <strong>em</strong> defender escolhas livres, pois as<br />

escolhas se defin<strong>em</strong> como livres na medida <strong>em</strong> que as decisões e as suas<br />

conseqüências naturalmente pod<strong>em</strong> ser levadas a efeito, pois se encontram<br />

dentro <strong>do</strong> espectro de incontáveis possibilidades de variações <strong>em</strong> que pod<strong>em</strong><br />

se estruturar. Ele assim define essa idéia:<br />

"Segue-se daí não meramente a impossibilidade lógico-for<strong>mal</strong> de<br />

Deus nos dar o livre-arbítrio de escolher entre o b<strong>em</strong> e o <strong>mal</strong> s<strong>em</strong><br />

proporcionar a possibilidade natural [...] de fazermos o <strong>mal</strong>, mas<br />

também uma série inteira de impossibilidades lógicas mais<br />

detalhadas. Deus não pode nos dar certos tipos de livre-arbítrio [...] e<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po assegurar que há somente tal e tal probabilidade<br />

de fazermos tais e tais ações erradas e más. 94<br />

Para Swinburne, existe uma relação direta entre incalculáveis<br />

possibilidades de escolha e o livre-arbítrio. Ele entende que t<strong>em</strong>os a propensão<br />

para fazer boas escolhas e executar ações boas. Apesar de sermos fort<strong>em</strong>ente<br />

desafia<strong>do</strong>s pelo próprio fato de viver, precisamos nos posicionar nas escolhas.<br />

O risco de errar, além de nos levar a decidir por aquilo que não é bom, pode<br />

trazer conseqüências que não havíamos previsto. Afinal nossos erros têm<br />

94 “There follows not merely the for<strong>mal</strong> logical impossibility of God giving us free will to choose<br />

between good and bad without bringing about the natural possibility that (unprevented by God)<br />

we will <strong>do</strong> bad, but a whole range of more detailed logical impossibilities. God cannot give us<br />

certain kinds of free will (certain strengths of t<strong>em</strong>ptations to choose between certain kinds of<br />

important actions) and at the same time ensure that there is only such-and-such a probability<br />

that we will <strong>do</strong> such-and-such bad or wrong actions.” (SWINBURNE, Richard, Providence and<br />

the Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998. p 137).<br />

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