o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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por podermos escolher e controlar nossas escolhas, fundamentalmente,<br />
levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> consideração a pressão que os maus desejos exerc<strong>em</strong> sobre nós.<br />
De acor<strong>do</strong> com os bons propósitos da criação, Deus criou os agentes<br />
livres e imunizá-los das possibilidades de más escolhas implicaria diminuir ou<br />
mesmo isentá-los da responsabilidade por suas vidas e, por conseqüência,<br />
pela vida <strong>do</strong>s outros, limitan<strong>do</strong> radicalmente as possibilidades da vida.<br />
A idéia é que agentes só pod<strong>em</strong> ser livres se aprender<strong>em</strong> que suas<br />
escolhas têm conseqüências e por isso uma linha completa de conseqüências<br />
deve estar à disposição desses agentes.<br />
Um aspecto importante dessa responsabilidade refere-se à repercussão<br />
de nossas ações nos outros. Essa idéia pode assim ser assumida nas palavras<br />
de SWINBURNE: "Quanto mais indivíduos livres exist<strong>em</strong> e mais<br />
responsabilidade eles têm, tanto maior é a probabilidade de fazer<strong>em</strong> outros<br />
sofrer.” (1998, p.147). A relação entre os indivíduos e o mun<strong>do</strong> é o que lhes<br />
permite desenvolver o conhecimento, sobretu<strong>do</strong>, moral.<br />
No contexto dessas relações, os indivíduos criam e desenvolv<strong>em</strong><br />
inevitavelmente um espectro de responsabilidades que diz<strong>em</strong> respeito aos<br />
próprios indivíduos na medida <strong>em</strong> que cada um controla inclusive a própria<br />
vida. Igualmente aplica-se à relação que têm com os outros, pois suas ações<br />
pod<strong>em</strong> ajudar ou prejudicar terceiros, como, por ex<strong>em</strong>plo, o fato de estar ao<br />
alcance de cada um também preservar a própria vida ou retirar a vida de<br />
outros.<br />
Objetivamente, com to<strong>do</strong> esse aparato de argumentos, pod<strong>em</strong>os<br />
entender que Swinburne quer justificar a não intervenção de Deus para evitar<br />
os prejuízos e sofrimentos causa<strong>do</strong>s pelo denomina<strong>do</strong> <strong>mal</strong> moral. A principal<br />
razão para essa não intervenção sobre os efeitos <strong>do</strong> <strong>mal</strong> moral está na<br />
condição que deve ser garantida para que as escolhas <strong>do</strong>s agentes livres<br />
sejam de fato livres.<br />
Observamos até aqui que o <strong>mal</strong> não é apenas uma contingência de<br />
ações morais, mas também pode ser conseqüência de processos <strong>em</strong> que não<br />
há um agente causa<strong>do</strong>r <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de vontade própria. Por outro la<strong>do</strong>, o <strong>mal</strong> pode<br />
resultar de eventos ocasiona<strong>do</strong>s pela ação de agentes que são <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de<br />
intencionalidade s<strong>em</strong> que esses tenham si<strong>do</strong> a causa primeira.<br />
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