o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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amplo, o que <strong>em</strong> alguns casos poderia ser traduzi<strong>do</strong> <strong>em</strong> português por<br />
“situações” ou “fatos” ou mesmo “coisas”. Neste senti<strong>do</strong>, os <strong>mal</strong>es, os<br />
acontecimentos que traz<strong>em</strong> infortúnio e <strong>do</strong>r são apresenta<strong>do</strong>s como “esta<strong>do</strong>s<br />
de coisas” maus.<br />
Entenden<strong>do</strong> que passamos por tais esta<strong>do</strong>s de coisas, Swinburne<br />
conceitua o <strong>mal</strong> moral nos seguintes termos:<br />
Enten<strong>do</strong> que <strong>mal</strong> moral inclui to<strong>do</strong> o <strong>mal</strong> causa<strong>do</strong> deliberadamente<br />
pelos seres humanos ao fazer<strong>em</strong> o que não deviam e também o <strong>mal</strong><br />
constituí<strong>do</strong> por essas ações deliberadas e por faltas resultantes de<br />
uma negligência. 70<br />
Trata-se de toda ação, produzida por agentes morais livres, que resulte<br />
<strong>em</strong> sofrimento, <strong>do</strong>r ou prejuízo a si mesmos ou a terceiros, b<strong>em</strong> como dessas<br />
mesmas conseqüências negativas de tais ações deliberadas. Elas possu<strong>em</strong> um<br />
vínculo estreito com o uso <strong>do</strong> livre-arbítrio que, para o teísta, é um <strong>do</strong>s<br />
aspectos mais profun<strong>do</strong>s e relevantes da criação divina.<br />
Já o <strong>mal</strong> natural, t<strong>em</strong> a seguinte definição:<br />
To<strong>do</strong> <strong>mal</strong> que não for deliberadamente produzi<strong>do</strong> por seres humanos<br />
e que estes não permitam que aconteça por negligência. 71<br />
Trata-se aqui daqueles <strong>mal</strong>es que acontec<strong>em</strong> por força da natureza.<br />
Nesse caso estão, além <strong>do</strong>s fenômenos da natureza, os acontecimentos <strong>em</strong><br />
que não há um agente livre da ação que resultou no <strong>mal</strong>.<br />
Na obra de Swinburne, esses <strong>do</strong>is conceitos são defini<strong>do</strong>s dessa<br />
maneira. Sua preocupação será mostrar que as duas formas de <strong>mal</strong> exist<strong>em</strong><br />
conectadas a finalidades que faz<strong>em</strong> parte da vida humana. Por isso, vamos<br />
aprofundar a questão, pois o próprio Swinburne nos indica sua intenção de<br />
usar o conceito de <strong>mal</strong> de uma forma nova. Isso ele o faz <strong>em</strong> uma reflexão<br />
sobre como dev<strong>em</strong>os entender os esta<strong>do</strong>s de coisas, termo que ele <strong>em</strong>prega,<br />
como foi dito, <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> muito amplo, abrangen<strong>do</strong> seja atos humanos seja<br />
realidades intramundanas <strong>em</strong> toda a sua extensão.<br />
A seguinte passag<strong>em</strong> exprime b<strong>em</strong> as características inova<strong>do</strong>ras da<br />
terminologia e da concepção de Swinburne sobre o <strong>mal</strong>.<br />
70 SWINBURNE, R. Será que Deus existe Tradução de Desidério Murcho, Editora Gradiva,<br />
Lisboa, 1998, p.111.<br />
71 SWINBURNE, R. Será que Deus existe Tradução de Desidério Murcho, Editora Gradiva,<br />
Lisboa, 1998, p.112.<br />
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