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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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Swinburne realmente não t<strong>em</strong> como justificar Deus diante dessa quantidade<br />

de <strong>mal</strong> s<strong>em</strong> recorrer a outros el<strong>em</strong>entos que sirvam de suporte à hipótese<br />

teísta, como no caso os el<strong>em</strong>entos da revelação cristã. Ora, a teodicéia,<br />

proposta por Leibniz nasceu <strong>do</strong> desejo de responder às posições filosóficas<br />

para as quais, a ord<strong>em</strong> e funcionamento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, independ<strong>em</strong> da ação de<br />

um cria<strong>do</strong>r.<br />

No longo percurso <strong>do</strong> debate entre fé e razão que acompanha a<br />

tradição filosófica ocidental, um <strong>do</strong>s pontos mais importantes é, s<strong>em</strong> dúvida, a<br />

decisão sobre como deve se dar a compreensão sobre a verdade de Deus e de<br />

outras verdades a ela associadas. Trata-se de saber se é possível obter uma<br />

resposta a essas questões construída com base <strong>em</strong> argumentos de natureza<br />

puramente racional, independente da verdade revelada.<br />

A teologia natural v<strong>em</strong> se impon<strong>do</strong> como maneira adequada de<br />

responder a esse questionamento. Alguns autores assum<strong>em</strong> que <strong>em</strong> certas<br />

investigações a razão é suprida pelos da<strong>do</strong>s da revelação cristã. Porém,<br />

grande parte <strong>do</strong>s pensa<strong>do</strong>res cont<strong>em</strong>porâneos pretende fundamentar <strong>em</strong><br />

princípios de pura racionalidade as convicções sobre a existência de Deus.<br />

Embora recorra, <strong>em</strong> última análise, aos da<strong>do</strong>s da revelação cristã para<br />

justificar a quantidade de <strong>mal</strong> existente no mun<strong>do</strong>, Swinburne poderia talvez<br />

reivindicar a pura racionalidade de sua argumentação alegan<strong>do</strong> que a verdade<br />

<strong>do</strong> cristianismo pode ser racionalmente d<strong>em</strong>onstrada. De fato, no conjunto de<br />

sua obra, ele pretende ter mostra<strong>do</strong> que não só o teísmo, <strong>em</strong> geral, mas o<br />

Deus da revelação cristã oferece a explicação mais provável para a totalidade<br />

<strong>do</strong>s fatos que experimentamos no mun<strong>do</strong>.<br />

Há ainda um ponto que dev<strong>em</strong>os focalizar <strong>em</strong> nossa comparação.<br />

Leibniz, buscan<strong>do</strong> ajustar-se aos princípios racionais de sua época, elaborou<br />

seu argumento sobre a verdade de Deus e as d<strong>em</strong>ais verdades metafísicas<br />

utilizan<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s dedutivos. Com base <strong>em</strong> pr<strong>em</strong>issas necessárias, suas<br />

conclusões apresentavam um caráter de verdade necessariamente válida.<br />

Swinburne, analogamente, refletin<strong>do</strong> o contexto intelectual <strong>em</strong> que está<br />

envolvi<strong>do</strong>, aproveita oportunamente o que v<strong>em</strong> se desenvolven<strong>do</strong> no campo da<br />

epist<strong>em</strong>ologia. Por isso mesmo, diferent<strong>em</strong>ente de Leibniz, ele usa o critério de<br />

inferência indutiva, no qual as pr<strong>em</strong>issas tornam a conclusão meramente<br />

provável.<br />

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