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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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Foi, porém, noutra corrente filosófica da época, o neoplatonismo, que<br />

Agostinho encontrou el<strong>em</strong>entos decisivos para a superação <strong>do</strong> maniqueísmo.<br />

Trata-se de mais uma das alternativas que se desenvolveram no mun<strong>do</strong><br />

helenista para d<strong>em</strong>onstrar como, através <strong>do</strong> conhecimento e <strong>do</strong> exercício da<br />

reflexão, o hom<strong>em</strong> poderia encontrar o caminho da realização pessoal. Esta<br />

consistia, segun<strong>do</strong> Plotino, <strong>em</strong> satisfazer a parte mais elevada <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, o<br />

intelecto, mediante a experiência inefável da comunhão com o Uno divino.<br />

A percepção de que o encontro com o Uno se dava por meio <strong>do</strong><br />

exercício da reflexão intelectiva acabou consolidan<strong>do</strong> a idéia de que a matéria<br />

era má e fonte <strong>do</strong> <strong>mal</strong>. Entretanto, ao contrário <strong>do</strong>s maniqueus, Plotino não<br />

considera a matéria como um princípio originário e autônomo, oposto ao<br />

princípio <strong>do</strong> b<strong>em</strong>.<br />

Giovanni Reale assim explica essa relação entre o Uno e a matéria, que<br />

se apresenta como privação <strong>do</strong> b<strong>em</strong>, identifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua plenitude com o Uno.<br />

A novidade que Plotino introduz na explicação da orig<strong>em</strong> <strong>do</strong> cosmos<br />

está, sobretu<strong>do</strong> no fato de que ele tenta deduzir a matéria s<strong>em</strong><br />

pressupô-la como se fosse algo que se contrapunha ao principio<br />

primeiro desde a eternidade. A matéria sensível deriva da sua causa<br />

como possibilidade última, ou seja, como etapa extr<strong>em</strong>a daquele<br />

processo <strong>em</strong> que a força produtora se enfraquece a ponto de<br />

exaurir-se. Desse mo<strong>do</strong>, a matéria torna-se exaustão total e,<br />

portanto, privação extr<strong>em</strong>a da potência <strong>do</strong> Uno (e, assim <strong>do</strong> próprio<br />

Uno) ou, <strong>em</strong> outros termos, privação <strong>do</strong> B<strong>em</strong> (que coincide com o<br />

Uno). Nesse senti<strong>do</strong>, a matéria é ‘<strong>mal</strong>’: mas, no caso, o <strong>mal</strong> não é<br />

uma força negativa que se oponha ao positivo, mas simplesmente<br />

falta ou privação <strong>do</strong> positivo. A matéria também é considerada nãoser,<br />

por que é diversa <strong>do</strong> ser e jaz sob ele. A matéria não nasce da<br />

alma supr<strong>em</strong>a, inteiramente ativa na cont<strong>em</strong>plação, mas, como<br />

diss<strong>em</strong>os, <strong>do</strong> limite extr<strong>em</strong>o da Alma no universo, onde a<br />

cont<strong>em</strong>plação se enfraquece, pelo menos à medida que a Alma<br />

volta-se mais para si <strong>do</strong> que para o Espírito.[...] Plotino leva a<br />

espiritualização <strong>do</strong> cosmos aos limites <strong>do</strong> acosmismo: a matéria é<br />

forma ínfima, o corpo é forma, o mun<strong>do</strong> móvel jogo de formas, a<br />

forma está vinculada às idéias <strong>do</strong> Espírito e o Espírito ao Uno. 4<br />

1.2 A solução <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong> por Agostinho.<br />

1.2.1. O contexto histórico <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong><br />

A solução agostiniana espelhou tanto uma compreensão bíblica quanto<br />

filosófica acerca <strong>do</strong> <strong>mal</strong>. Sua resposta mostra-se como uma tentativa de<br />

4 REALE, Giovanni. & Dario Antiseri. História da Filosofia, Vol. I. Edições Paulinas, São Paulo,<br />

1990. pp. 345-346.<br />

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