o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Na busca por um argumento mais consistente frente às generalizações<br />
<strong>do</strong> ceticismo sobre a objetividade <strong>do</strong>s juízos morais, Swinburne insiste no fato<br />
de que diversas áreas <strong>do</strong> conhecimento apresentam desacor<strong>do</strong>s, que, no<br />
entanto, não invalidam sua objetividade. É o caso da filosofia, que é uma<br />
disciplina objetiva, <strong>em</strong>bora suscite discussões, que, entretanto, não imped<strong>em</strong><br />
que se chegue a conclusões objetivas. O mesmo vale da moral, explica<br />
Swinburne:<br />
A minha tese, <strong>em</strong> síntese, é a seguinte. Se a moralidade é objetiva, a<br />
concepção naturalista dela é correta e a moralidade se baseia <strong>em</strong><br />
um conjunto de verdades logicamente necessárias. Em uma<br />
disciplina relacionada com verdades lógicas necessárias, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, a filosofia, é tão fácil ou tão difícil chegar a resulta<strong>do</strong>s<br />
consensuais, como no caso da moral. Ora, há uma quantidade e<br />
qualidade suficiente de consensos sobre méto<strong>do</strong>s e resulta<strong>do</strong>s da<br />
filosofia para que seja considerada uma disciplina objetiva, e seus<br />
resulta<strong>do</strong>s considera<strong>do</strong>s verdadeiros ou falsos. Portanto a moral<br />
também é adequadamente concebida como uma disciplina objetiva e<br />
os julgamentos morais pod<strong>em</strong> ser corretamente considera<strong>do</strong>s<br />
verdadeiros ou falsos. 55<br />
Essa argumentação <strong>em</strong> favor da objetividade, seja por uma objetividade<br />
filosófica, seja por uma objetividade moral, obedece a um propósito maior na<br />
teoria de Swinburne que é mostrar que, ten<strong>do</strong>-se um critério de julgamento<br />
moral que permita estabelecer um padrão objetivo para o verdadeiro ou falso,<br />
certo ou erra<strong>do</strong>, é possível analisar as ações de Deus.<br />
Deus sabe de maneira objetiva o que é um esta<strong>do</strong> de coisas bom ou<br />
ruim. O que faz suas ações ser<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre boas é o fato de ser<strong>em</strong> realizadas<br />
por um ser que é bom e que conhece todas as possibilidades de suas<br />
escolhas. Ao escolher, Deus faz com que a ação cumpra o propósito de ser a<br />
melhor <strong>em</strong> sua finalidade e a melhor entre todas as possibilidades disponíveis.<br />
55 “So my argument in summary is as follows. If morality is objective, the naturalistic account of<br />
it is correct and morality is based on a set of logically necessary truths. In one discipline<br />
concerned with logically necessary truths, viz. philosophy, it is as easy or difficult to reach<br />
agreed results as it is in morals. Yet there is a sufficient amount and kind of agre<strong>em</strong>ent over<br />
methods and results in philosophy for it to be termed an objective discipline, and its results<br />
termed true or false. Therefore morals is also properly accounted an objective discipline and<br />
moral judg<strong>em</strong>ents correctly termed true or false.” (SWINBURNE, Richard. The Coherence of<br />
Theism. Published to Oxford Scholarship Online, 2003, p.207).<br />
64