108período. Assim, essa proporção evoluiu de 6,6% em 1960 para 8,7% em 1970,11,4% em 1980 e 11,7% em 1985; ou seja, entre 1960 e 1985, teria ocorrido umaumento de, aproximadamente, 77% na intensidade de supervisão na economianorte-americana. Em termos comparativos, no caso japonês, a intensidade dasupervisão evidencia a seguinte evolução: 3,9% em 1960, 5,9% em 1970, 5,2%em 1980 e 4,0% em 1985; assim, tomando-se o ano de 1985 como base decomparação, a intensidade de supervisão nos Estados Unidos seria cerca de192% superior àquela observada no Japão (Gordon, 1990, p. 29).Essa evidência sobre a intensidade de supervisão sugere a presença deoutro elemento de continuidade nas práticas de emprego norte-americanas, qualseja, a elevada conflitividade nas relações de <strong>trabalho</strong>, pois esta também foiuma característica distintiva do sistema de produção em massa. Reconhece-seque, nos ambientes caracterizados por maior conflito e insegurança no <strong>trabalho</strong>,se manifesta mais agudamente a necessidade de monitoramento da força de<strong>trabalho</strong>, enquanto, naqueles em que predominam relações de cooperação esegurança no <strong>trabalho</strong>, tal necessidade se encontra minorada. Em pesquisaque desenvolve essa linha de interpretação, Gordon (1994, p. 378) encontrou,para um conjunto selecionado de 16 economias avançadas em 1980, umaassociação negativa entre intensidade de supervisão e segurança no <strong>trabalho</strong>,sendo que as economias com menor grau de monitoramento da força de <strong>trabalho</strong>caracterizavam-se por ambientes mais cooperativos em termos de relações de<strong>trabalho</strong>, ainda que possuíssem trabalhadores com maior poder de barganhacoletiva. Destaca-se em seu estudo, uma vez mais, a posição norte-americanano ranking de intensidade de supervisão, qual seja, o de primeiro colocado(Gordon, 1994, p. 375).Esse aspecto contribui para o entendimento das dificuldades enfrentadaspara a difusão das novas práticas de emprego em relação a um conjunto maissubstantivo de firmas norte-americanas, na medida em que sobre estas aindase fazem presentes traços tão marcantes do sistema de produção em massa.Como um desdobramento desse aspecto, sugere-se que tais traços têmfavorecido a deterioração da performance competitiva da indústria norte-americanadesde meados da década de 70, quando entrou em crise o regime de acumulaçãofordista e começaram a emergir novos padrões de eficiência produtiva no contextointernacional.Os aspectos elencados nesta subseção indicam que, na economia norte--americana, as novas práticas de emprego encerram elementos de mudança econtinuidade comparativamente àquelas observadas no período históricoantecedente. Sem dúvida alguma, uma certa proporção de estabelecimentosindustriais desse país incorporou aspectos atinentes à organização e à gestão
109do <strong>trabalho</strong>, os quais representam uma ruptura com as práticas dominantes noregime de acumulação fordista. Ou seja, a difusão do <strong>trabalho</strong> organizado sob aforma de equipes, os círculos de qualidade, as iniciativas em termos de educaçãoe treinamento da força de <strong>trabalho</strong>, conjugadas a novas formas de remuneração,mais associadas ao desempenho individual do que aos métodos de barganhacoletiva ou às regras de antigüidade, indicam o afastamento das práticasde emprego norte-americanas do período da Golden Age. Por outro lado, a ausênciade segurança no emprego, a intensidade de supervisão, bem como apermanência de um caráter conflitivo nas relações capital-<strong>trabalho</strong> mostram queas novas práticas de emprego também trazem consigo elementos de continuidadecom o período passado.3.2 - O caso japonêsEsta segunda seção tem como objetivo descrever e analisar sucintamenteas práticas de emprego desenvolvidas no Japão, no Pós Segunda Guerra Mundial.Com esse propósito, ela se encontra organizada da seguinte forma: asubseção 3.2.1 apresenta as características básicas das práticas de empregojaponesas; por sua vez, a subseção 3.2.2 procura fundamentar a hipótese deque as práticas de emprego japonesas foram relevantes para a constituição deum novo padrão de eficiência produtiva no contexto internacional, a partir dosanos 70; finalmente, a subseção 3.2.3 problematiza alguns aspectos das práticasde emprego japonesas, evidenciando suas fragilidades, bem como a formacomo estas têm sido enfrentadas pela sociedade japonesa.3.2.1 - As práticas de emprego japonesas:características básicasA performance econômica do Japão nas últimas décadas vem-se destacandono contexto internacional, pois esse país passou da condição de nação poucodesenvolvida no imediato Pós-Segunda Guerra Mundial à de país dos maisavançados do ponto de vista industrial e tecnológico no presente (Fajnzylber,1988; 1991; Pilat, 1993). Esse fato acabou por suscitar grande interesse emconhecer, com profundidade, a experiência japonesa, na medida em que a mesmapode encerrar alguns ensinamentos em relação à busca da melhoria deperformance por parte de outros países em geral e das nações em patamarmenos avançado de industrialização em particular.
- Page 1:
1SECRETARIA DA COORDENAÇÃO E PLAN
- Page 5:
Para minha mãe.Para meus colegas d
- Page 8 and 9:
8Os colegas Cláudia do Nascimento
- Page 10 and 11:
10trabalho é diferenciada para cad
- Page 13 and 14:
13SUMÁRIOLISTA DE FIGURAS E GRÁFI
- Page 15:
155 - TECNOLOGIA E TRABALHO EM FIRM
- Page 19:
19LISTA DE QUADROSQuadro 1.1 - Prob
- Page 22 and 23:
22Tabela 4.12 -Ações relativas à
- Page 24 and 25:
24de trabalho e o desempenho compet
- Page 26 and 27:
26força de trabalho industrial, s
- Page 28 and 29:
28ao modelo taylorista de organiza
- Page 30 and 31:
30era condicionada pelo tamanho das
- Page 32 and 33:
32No Quadro 1.1, foram compilados d
- Page 34 and 35:
34Controlador lógico-programável
- Page 36 and 37:
36as informações; a mesa digitali
- Page 38 and 39:
38nas diferentes esferas organizaci
- Page 40 and 41:
40elementos de longo prazo da condu
- Page 42 and 43:
42Quadro 1.2Principais tipos de fle
- Page 44 and 45:
44dos a graus crescentes de integra
- Page 46 and 47:
46ciente a produção em pequenas s
- Page 48 and 49:
48redução do tamanho médio dos l
- Page 50 and 51:
50Associado à questão da diferenc
- Page 52 and 53:
52escalas em termos de tamanho das
- Page 54 and 55:
54aumentos na produtividade dos rec
- Page 56 and 57:
56mes. A confirmação dessa hipót
- Page 59 and 60: 2 - NOVAS TECNOLOGIAS ETRABALHO: UM
- Page 61 and 62: 2.1.1 - Os efeitos diferenciados da
- Page 63 and 64: 2.1.2 - Diferenças setoriais na in
- Page 65 and 66: Pianta, 1996). Ou seja, algumas ati
- Page 67 and 68: 672.2 - Novas tecnologias, habilida
- Page 69 and 70: 69Quadro 2.1Habilidades e atributos
- Page 71 and 72: des da força de trabalho, procuran
- Page 73 and 74: Os programas são eles próprios re
- Page 75 and 76: modelo econométrico, podem ser res
- Page 77 and 78: mais dinâmico, esses requerimentos
- Page 79 and 80: car melhorias nos próprios projeto
- Page 81 and 82: nas séries. Tal evidência poderia
- Page 83 and 84: das NTs como na presença dos conse
- Page 85: eletromecânica. Com isso, ocorre u
- Page 88 and 89: 88principais características das p
- Page 90 and 91: 90categorias de trabalhadores. Outr
- Page 92 and 93: 92tos — como, por exemplo, a capa
- Page 94 and 95: 94a incorporação do progresso té
- Page 96 and 97: 96da produtividade. De acordo com e
- Page 98 and 99: 98p. 183-185). A hipótese básica
- Page 100 and 101: 100firmas industriais tinham incorp
- Page 102 and 103: 102sobre os resultados da utilizaç
- Page 104 and 105: 104se deva destacar que esse estudo
- Page 106 and 107: 106dinâmicas e tecnologicamente av
- Page 110 and 111: 110Um dos aspectos distintivos da e
- Page 112 and 113: 112envolvem. Como afirmado anterior
- Page 114 and 115: 114Nessa perspectiva, as práticas
- Page 116 and 117: 1161995; Nakamura; Nitta, 1995). Ta
- Page 118 and 119: 118consideram nucleares são a rota
- Page 120 and 121: 120objetivo de que se produz apenas
- Page 122 and 123: 122reduzir a rotatividade no empreg
- Page 124 and 125: 124para os trabalhadores que consti
- Page 126 and 127: 126identificar suas relações com
- Page 128 and 129: 128
- Page 130 and 131: 130mentalmente, de dados compilados
- Page 132 and 133: 132A evolução das vendas dos prin
- Page 134 and 135: 134Quanto ao volume de emprego cria
- Page 136 and 137: 136Quadro 4.1Origem da tecnologia d
- Page 138 and 139: 138Tabela 4.5Distribuição do empr
- Page 140 and 141: 1404.2 - O segmento de automação
- Page 142 and 143: 142ver Gráfico 4.1). A partir de 1
- Page 144 and 145: 144Tabela 4.7Alíquotas de importa
- Page 146 and 147: 146Quanto às exportações do segm
- Page 148 and 149: 1484.2.2 - Aspectos das práticas d
- Page 150 and 151: 150Quanto aos elementos associados
- Page 152 and 153: 152No âmbito do segmento de automa
- Page 154 and 155: 154comparativamente à fase I, uma
- Page 156 and 157: 156na fase inicial de seu desenvolv
- Page 158 and 159:
158Deve-se ressaltar que a experiê
- Page 160 and 161:
160
- Page 162 and 163:
162e março de 1998, sendo cinco lo
- Page 164 and 165:
1645.2 - As estratégias empresaria
- Page 166 and 167:
166já estava praticamente fechando
- Page 168 and 169:
168e isso faz com que se tenham op
- Page 170 and 171:
170Em um segmento produtivo que int
- Page 172 and 173:
172Informática e Automação do Go
- Page 174 and 175:
174A Firma 1 estrutura da seguinte
- Page 176 and 177:
176Alguns exemplos contribuem para
- Page 178 and 179:
178dos. Assim, essas firmas apresen
- Page 180 and 181:
180“Antigamente, nós tínhamos o
- Page 182 and 183:
182alguma experiência no processo
- Page 184 and 185:
184A esse respeito, a experiência
- Page 186 and 187:
186Feita essa ressalva, as evidênc
- Page 188 and 189:
188porte das empresas. Nesses termo
- Page 190 and 191:
190Essa empresa também possui um p
- Page 192 and 193:
192De acordo com a compreensão aqu
- Page 194 and 195:
194
- Page 196 and 197:
196Os impactos das novas tecnologia
- Page 198 and 199:
198atinentes à qualidade, pode-se
- Page 200 and 201:
200características do trabalho em
- Page 202 and 203:
202
- Page 204 and 205:
204BALTAR, P. Salários e preços:
- Page 206 and 207:
206CAVESTRO, W. Automation, new tec
- Page 208 and 209:
208FLEURY, A.; HUMPHREY, J. (Coords
- Page 210 and 211:
210Technological Forecasting and So
- Page 212 and 213:
212OSTERMAN, P. Supervision, discre
- Page 214 and 215:
214SYLOS-LABINI, P. Nuevas tecnolog
- Page 216 and 217:
216
- Page 218 and 219:
218trial tem dado respostas satisfa
- Page 220:
220EDITORAÇÃOSupervisão: Valesca