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Novas tecnologias, trabalho e competitividade

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110Um dos aspectos distintivos da economia japonesa diz respeito a que estagestou, ao longo das últimas décadas, práticas de emprego que se afastamdaquelas que foram dominantes na maioria das nações desenvolvidas duranteas décadas de 50 e 60 e que estavam associadas ao regime de acumulaçãofordista. A partir da década de 70, isso tem sido particularmente relevante, namedida em que a crise, o processo de reestruturação industrial e a emergênciade uma nova base técnica acabaram por afirmar normas de concorrência cujosparâmetros de eficiência produtiva colidem com a lógica da produção em massae com as práticas de emprego que lhe davam sustentação. Em função dessesaspectos, seria pertinente procurar sistematizar os elementos nucleares daspráticas de emprego desenvolvidas no Japão.Com esse propósito, as características básicas das práticas de empregojaponesas serão analisadas da seguinte forma: (a) organização do processo de<strong>trabalho</strong>; (b) gestão da força de <strong>trabalho</strong> e mercados internos de <strong>trabalho</strong>; (c)formação dos salários e políticas de remuneração dos recursos humanos; e (d)organização sindical e negociações coletivas. Uma vez mais, deve-se ter presenteque o foco de análise será, principalmente, o setor industrial e, no interior deste,as firmas de grande porte.Organização do processo de <strong>trabalho</strong>Desde os anos 50, foram gestadas, no Japão, práticas que possuem diversascaracterísticas que, nitidamente, se afastam daquelas observadas no modelotaylorista/fordista. Nesse sentido, em oposição à linha de montagem clássica,à fragmentação das tarefas e à grande especialização dos postos de <strong>trabalho</strong>,no Japão foram desenvolvidas formas de organização do <strong>trabalho</strong> assentadasnas células de manufatura, na definição mais ampla dos postos de <strong>trabalho</strong>e na rotação dos trabalhadores em diferentes tarefas, no âmbito da produção.Assim, a organização da produção sob a forma de células associou-se à necessidadede que os trabalhadores se agrupassem em equipes e que, individualmente,operassem e/ou monitorassem diferentes equipamentos, o que trouxe comodecorrência a ampliação do leque de tarefas com as quais estes se envolvem.Em face dessa forma de organização do processo de <strong>trabalho</strong>, podem-sedestacar como elementos distintivos do modelo japonês uma definição muitomais fluida dos postos de <strong>trabalho</strong> e uma menor especialização dos trabalhadores.Esses aspectos são de suma importância, pois os mesmos conduzem àvalorização dos processos de aprendizado pelo coletivo de trabalhadores emcondições internas à firma, cujas implicações, em termos de eficiência produtiva,vêm sendo crescentemente reconhecidas (Aoki, 1990a; Coriat, 1994). Esseaspecto será desenvolvido na próxima subseção deste capítulo.

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