90categorias de trabalhadores. Outro ponto relevante é que se constata uma orientaçãoda parte dos trabalhadores no sentido de não interferirem nas questõesestratégicas das firmas, ficando os sindicatos mais concentrados em reivindicaçõesque estabeleciam regras de delimitação precisa do conteúdo dos postosde <strong>trabalho</strong>, remunerações, promoções, contratações e demissões. Tal orientaçãodo sindicalismo norte-americano foi, por isso, com muita propriedade, denominadajob-control unionism (Kochan; Katz; Mckersie, 1989).Pode-se também destacar, como um desdobramento da evolução dasnegociações coletivas sob o regime de acumulação fordista, a orientação derepassar para os salários, ainda que não necessariamente de forma integral, ocrescimento da produtividade do <strong>trabalho</strong> e a variação do custo de vida. Esseaspecto foi relevante sob diversos pontos de vista: por um lado, traduzia umaorientação igualitária em termos de distribuição de renda; por outro, representavaum elemento a mais a favorecer a gestação de mercados de consumo de massa,a expansão do consumo e, conseqüentemente, servia de estímulo ao crescimentoeconômico.Essas características gerais das relações de <strong>trabalho</strong> se transformaramem elementos estruturais do regime de acumulação fordista, estando emconsonância com o processo de crescimento observado nos Estados Unidos,durante a Golden Age do capitalismo contemporâneo. Assim, em um ambienteque favorecia a expansão do emprego e o incremento dos salários reais, essasvariáveis acabavam sendo também indutoras do crescimento dos mercados,gerando, com isso, um círculo virtuoso quase sem precedentes na história dodesenvolvimento capitalista (Aglietta, 1979; Glyn et al., 1990; Boyer, 1993).Uma relação que é particularmente relevante elaborar diz respeito aos nexosque vinculavam o regime de acumulação fordista, as suas práticas de empregoe os parâmetros de eficiência produtiva que então se tornaram dominantes.Desse modo, em um contexto em que a economia era puxada pelo crescimentoestável da demanda, viabilizando a formação de mercados de consumo de massa,a oferta de bens padronizados e com requisitos não muito elevados de qualidadeencontrava condições de realização razoavelmente satisfatórias. Sob taiscircunstâncias, pode-se perceber que as exigências que eram colocadas àforça de <strong>trabalho</strong> estavam restritas à observância de uma certa disciplina fabril,a qual não implicava maiores requisitos tanto em termos de uma inserção maisativa dos trabalhadores no processo produtivo quanto de qualificações eescolaridade mais elevadas.Dessa forma, esse padrão de crescimento econômico e as práticas deemprego a ele vinculadas contribuíram para definir o que acabou se constituindocomo um referencial de eficiência produtiva por um período de mais de duasdécadas, do Pós Segunda Guerra Mundial até o final dos anos 60. No que se
efere à eqüidade, deve-se destacar que esse regime de acumulação tambémconseguiu se legitimar pelo fato de ter propiciado um certo avanço em termos deigualdade social nos Estados Unidos e nas principais nações desenvolvidas.Tais avanços foram obtidos tanto pelos aspectos acima comentados — como aexistência de negociações coletivas entre empresas e trabalhadores e aorientação do repasse do crescimento da produtividade aos salários — comotambém por políticas públicas de ampla abrangência na área de seguridadesocial (Glyn et al., 1990).Não obstante, a partir do início dos anos 70, esse regime de acumulação eas práticas de emprego que lhe davam sustentação começaram a mostrar sinaisde esgotamento. Assim, observam-se, nos Estados Unidos — e na maior partedos países de industrialização avançada —, problemas no plano macroeconômicorelacionados com a queda do ritmo de crescimento, com o aumento dodesemprego e da inflação. Entre as causas imediatas dessa ruptura, pode-seidentificar o primeiro choque do petróleo, ocorrido em 1973, afetando o preço daprincipal matéria-prima da base energética existente, bem como a desordemdos sistemas monetário e de pagamentos internacionais, provocada pelapassagem de um regime de taxas de câmbio fixas para outro de taxas de câmbioflexíveis (Glyn et al., 1990).É a partir do plano microeconômico, todavia, que se manifestam, maisagudamente, os aspectos estruturais que contribuíram para o esgotamento doregime de acumulação fordista. Dessa forma, no que se refere à organização doprocesso de <strong>trabalho</strong>, observa-se a impossibilidade de dar continuidade àobtenção de avanços em termos de crescimento da produtividade do <strong>trabalho</strong>por meio dos métodos de <strong>trabalho</strong> de corte estritamente tayloristas. A hipóteseque a esse respeito se avança é a de que se atingiu uma fronteira que eraimpossível ultrapassar em face de uma forma de organização do processo de<strong>trabalho</strong>, que levou ao limite a fragmentação/degradação do <strong>trabalho</strong> (Glyn etal., 1990; Coriat, 1992). Sob tais condições, era muito improvável que se pudesseesperar motivação por parte dos trabalhadores para se obter algum tipo demelhoria da sua performance no processo produtivo.Por outro lado, é também interessante perceber a inconsistência dessaforma de organização do processo de <strong>trabalho</strong> com as novas normas deconcorrência intercapitalista que, desde os anos 70, começaram a se desenvolver.Ou seja, observa-se, a partir de então, uma maior volatilidade nos mercados, aqual se associa, fundamentalmente, ao aumento da instabilidade e da incertezasobre o comportamento da demanda (Piore; Sabel, 1984; Coriat, 1992). Essecomportamento dos mercados acabou por se mostrar, em alguma medida,incompatível com o padrão de eficiência produtiva ancorado no modelo fordistade organização do processo de <strong>trabalho</strong>, pois demandava diversos elemen-91
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