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Novas tecnologias, trabalho e competitividade

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72Cavestro (1989) analisou os efeitos da adoção da tecnologia de controle numéricosobre o conteúdo do <strong>trabalho</strong>. De acordo com a evidência empírica proporcionadapor essa pesquisa, a automação estaria a requerer novas competênciasda força de <strong>trabalho</strong> (Cavestro, 1989, p. 229). Dentre estas, destaca-se oconhecimento de informática, pois dos trabalhadores se exige a decodificaçãode instruções sob a forma de linguagem computacional. Diferentemente, ashabilidades associadas à destreza manual têm uma tendência a se tornaremprogressivamente obsoletas.O <strong>trabalho</strong> de Cavestro (1989, p. 231) evidenciou que os trabalhadoresexercem um papel relevante na atividade de correção dos programas. Isto porqueé necessário que os programas sejam testados e, se for o caso, corrigidos,com o objetivo de permitir que os parâmetros de funcionamento das máquinassejam consistentes com a sua otimização. Assim, em aproximadamente 70%das firmas da indústria mecânica que compunham a amostra, as correções dosprogramas eram feitas por operadores, em alguns casos conjuntamente comtécnicos ou programadores propriamente ditos. Nas firmas da indústria metalúrgicaque faziam parte da amostra, havia uma diversidade de experiências no aspectosob análise. Esta é explicada com base tanto nas características associadasao tamanho e à tecnologia das firmas, como nas formas de organização do<strong>trabalho</strong> e na capacidade de os trabalhadores qualificados definirem a alocaçãodas tarefas de programação.Não obstante a possibilidade de formalização das tarefas contidas nasNTs, o estudo de Cavestro (1989, p. 231-233) suporta a compreensão de que oconhecimento prático e a experiência continuam a dar uma contribuição importanteno uso da automação. Assim, erros nos programas e no funcionamentodas máquinas podem ser minorados através da mobilização das habilidadestácitas da força de <strong>trabalho</strong>. Isto é relevante, tendo em vista que, com algumafreqüência, os trabalhadores necessitam enfrentar problemas imprevistos, queultrapassam os limites de rotinas mais estritamente formalizadas.Sintetizando as conclusões de seu estudo dos efeitos da automação sobreo conteúdo do <strong>trabalho</strong>, Cavestro (1989, p. 234) afirma que“(...) a noção de uma simples transferência do saber dos trabalhadorespara os programas não parece ser validada. A automação, em parte,formaliza o conhecimento prático dos operadores. Mas ela tambémcria outras formas de conhecimento, notavelmente em programação,em ferramentas, na operação de máquinas, em breakdowns, namanutenção e na qualidade. O conteúdo do <strong>trabalho</strong> dependegrandemente da organização do <strong>trabalho</strong>, que pode facilitar ou inibirtal alargamento de know-how. Mas também parece que o conhecimentoprático dos operadores não é simplesmente digerido pelos programas.

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