80Tabela 2.3Distribuição de plantas industriais e emprego, por tipo de organização do <strong>trabalho</strong>,nos Estados Unidos — 1986-87DISCRIMINAÇÃOPLANTAEMPREGOTOTAL(%)EMPREGO EMAUTOMAÇÃOPROGRAMÁVELTaylorismo estrito .............................. 24,0 47,1 42,5Controle partilhado ............................ 44,8 41,1 44,4Controle centrado no trabalhador ...... 31,2 11,8 13,1TOTAL ………………………………… 100,0 100,0 100,0FONTE: KELLEY, M. Alternative forms of work organization under programmable automation.In: WOOD, S. (Ed.). The transformation of work? Skill, flexibility and the labourprocess. Londres: Routledge, 1989. p. 239.NOTA: Os dados dessa tabela são estimativas feitas com base em uma amostra de 477plantas usuárias de equipamentos de automação programável de 21 setores da indústria dosEstados Unidos.Essas evidências são relevantes, pois permitem questionar o sentido dacausalidade dos impactos das novas formas de automação sobre o <strong>trabalho</strong>. Oestudo de Kelley (1989, p. 241) desenvolve tal questionamento ao cruzar algumasvariáveis com as diferentes formas de organização das tarefas de programação.Conforme se constata na Tabela 2.4, plantas caracterizadas pelotaylorismo estrito e cujo porte é maior são mais sindicalizadas (42,3%) do queaquelas nas quais predominam o controle partilhado (10,7%) ou o controlecentrado no trabalhador (4,9%). Essas diferenças devem-se, por um lado, a quea administração de grandes plantas se orientou para centralizar as decisões decomo utilizar os equipamentos de base microeletrônica, permitindo que apenaso pessoal especializado — mas não necessariamente sindicalizado — respondessepor determinadas tarefas de programação; por outro, o sindicalismo norte-americano,historicamente, buscou demarcar os contornos dos postos de<strong>trabalho</strong> de forma estrita, com o propósito de que suas prerrogativas pudessemser preservadas.Por sua vez, a produção em pequena série tende a estar mais inserida emplantas que são de pequeno porte e nas quais as tarefas de programação secentram no trabalhador. Conforme se observa na Tabela 2.4, em 70,2% dosestabelecimentos cujo controle das atividades de programação dos equipamentosestá sob responsabilidade dos trabalhadores, a produção dá-se em peque-
nas séries. Tal evidência poderia reforçar a hipótese de que a produção empequena escala requer a transferência da responsabilidade das tarefas de programaçãopara os trabalhadores. Todavia essa associação deve ser vista comcautela, pois a produção em pequena escala é a mais comum no processo deusinagem de metais. Dessa forma, não chega a surpreender que, mesmo emplantas nas quais o <strong>trabalho</strong> de programação é organizado de acordo com otaylorismo estrito, uma proporção expressiva (53,2%) produza séries de pequenotamanho (Kelley, 1989, p. 241).Quanto aos requerimentos de flexibilidade técnica elevada em plantasusuárias de equipamentos de automação programável, a mesma está mais presenteem estabelecimentos de menor porte e que transferem a atividade deprogramação integralmente para os trabalhadores do chão-de-fábrica (43,1%)(Tabela 2.4). Não obstante, mesmo em plantas de grande porte e que organizamo <strong>trabalho</strong> sob a lógica do taylorismo estrito, uma proporção significativa deestabelecimentos (31,3%) requer flexibilidade técnica, o que estaria a sugerirque “(...) a estrutura organizacional e a capacitação tecnológica são dimensõesindependentes” (Kelley, 1989, p. 245).81Tabela 2.4Características selecionadas de plantas usando tecnologia de automação programável,por tipo de organização do <strong>trabalho</strong>, na indústria dos Estados Unidos — 1986-87DISCRIMINAÇÃOTAYLORISMOESTRITOCONTROLEPARTILHADOCONTROLECENTRADO NOTRABALHADORNúmero de empregados (média) 260 121 50Plantas sindicalizadas (%) ........ 42,3 10,7 4,9Produtores em pequena série(%) (1) ....................................... 53,2 49,4 70,2Requerimentos elevados de flexibilidadetécnica (%) (2) ........... 31,3 27,3 43,1FONTE: KELLEY, M. Alternative forms of work organization under programmable automation.In: WOOD, S. (Ed.). The transformation of work? Skill, flexibility and the labourprocess. Londres: Routledge, 1989. p. 241.NOTA: Os dados dessa tabela são estimativas feitas com base em uma amostra de 477plantas usuárias de equipamentos de automação programável de 21 setores da indústria dosEstados Unidos.(1) “Um produtor em pequena série é definido como uma planta com 50% ou mais de seuproduto total em série de tamanho inferior a 50 unidades por lote.” (Kelley, 1989, p. 241). (2)“Uma planta com requerimentos altos de flexibilidade técnica para suas operações deusinagem é definida como tendo uma série de tamanho menor que 10 unidades e produzindomais que 50 partes diferentes.” (Kelley, 1989, p. 241).
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