98p. 183-185). A hipótese básica que a pesquisa põe em questão é a de que asnovas práticas de emprego demandam maiores exigências em termos de investimentosem qualificações e treinamento vis-à-vis àquelas oriundas do sistemade produção em massa, bem como a de que, para a sua implementação, se faznecessário maior segurança dos trabalhadores no emprego, pois dos mesmosse requerem maior envolvimento e compromisso com as metas empresariais.A evidência recolhida pelo <strong>trabalho</strong> de Osterman (1994a, p. 185) confirmaapenas parcialmente a existência da relação acima esboçada. Assim, suapesquisa encontrou uma relação estatisticamente significativa entre as novaspráticas de emprego e um maior comprometimento das firmas com o treinamentoe o aumento das qualificações — nesse caso, expressos pelo percentual dopessoal que recebia treinamento off-the-job, pelo treinamento em mais de umposto de <strong>trabalho</strong> (cross-training) e pelo compromisso com um nível mais elevadode qualificação. Não obstante, o estudo não encontrou evidência querespaldasse a hipótese de que as novas práticas de emprego estãoassociadas à maior segurança no emprego, o que, desde já, sugere limitesao envolvimento dos trabalhadores com o processo produtivo.Quanto à remuneração da força de <strong>trabalho</strong>, as novas práticas de empregotêm sido associadas a sistemas de pagamento que dão mais ênfase a aspectosvinculados ao desempenho dos trabalhadores do que aos elementos retiradosdos sistemas de barganha coletiva que se desenvolveram durante o período daGolden Age. Nesse sentido, têm sido observadas iniciativas em termos departicipação nos lucros e de pagamento de prêmios ou bônus pelo crescimentoda produtividade. No estudo de Osterman (1994a, p. 185), foi encontrada evidênciaapenas parcial da existência de uma relação positiva entre esses novos esquemasde remuneração e as novas práticas de emprego, pois duas variáveis que foramtestadas apresentaram resultados estatisticamente significativos — pagamentopor qualificação (pay for skills) e participação nos lucros — e outras duas não —participação nos ganhos (gainsharing) e prêmios salariais.Um aspecto para o qual Osterman (1994a, p. 186) chama atenção emsuas conclusões é o de que as novas práticas de emprego ainda não apresentama convergência necessária, de tal forma que, com base nas mesmas, se pudesseconstituir um cluster que delimitasse precisamente o que se convencionou rotularde high performance workplace, sugerindo, com isso, cautela quando do uso detais tipos ideais. Não obstante, o autor pondera que isso pode se dever ao fatode que os estabelecimentos industriais de seu estudo estão ainda em processode transformação, sugerindo que, no futuro, o referido cluster de práticas poderáser constituído. Corrobora tal compreensão o fato de que diversas práticas tinhamsido introduzidas há menos de cinco anos nos estabelecimentos industriais desua amostra.
Utilizando a mesma base de dados do estudo anterior, Osterman (1994b)examina outro aspecto derivado das novas práticas de emprego, qual seja, o darelação entre supervisão e reorganização do <strong>trabalho</strong>. A hipótese aqui formuladaé a de que firmas adotando novas práticas de emprego atinentes à reorganizaçãodo <strong>trabalho</strong> tenham uma menor intensidade de supervisão. Os resultados doestudo de Osterman (1994b, p. 381-383) sugerem a confirmação dessa hipótese,pois os estabelecimentos industriais em processo de mudança apresentavammenor intensidade de supervisão: assim, estabelecimentos que não evidenciavamuma supervisão estrita possuíam 42% de sua força de <strong>trabalho</strong> core envolvidaem círculos de qualidade, contra uma proporção de 24% em outrosestabelecimentos. Por sua vez, seu estudo também evidenciou que níveis maisbaixos de supervisão eram observados em estabelecimentos industriais de menortamanho e idade.A pesquisa de Bassi (1995) contribui para o conhecimento mais acuradode outra dimensão das práticas de emprego, aquela que relaciona os programasde educação no local de <strong>trabalho</strong> à reorganização do <strong>trabalho</strong>. Nesse caso,espera-se uma associação positiva entre os programas de educação no local de<strong>trabalho</strong> e a reorganização do <strong>trabalho</strong>, pois os esforços no sentido de qualificaros trabalhadores só podem suscitar melhores resultados quando estes sereinserem no processo produtivo em postos de <strong>trabalho</strong> redefinidos. Em seuestudo, Bassi (1995, p. 16; 17) define como educação no local de <strong>trabalho</strong>atividades com as quais os trabalhadores são envolvidos, tais como: ler e escrever,fala e entendimento do idioma, matemática, resolução de problemas edesenvolvimento de habilidades interpessoais. Quanto à reorganização do<strong>trabalho</strong>, nela podem estar incluídas mudanças tanto na organização do <strong>trabalho</strong>quanto nas formas de pagamento, destacando-se as seguintes práticas: equipesde <strong>trabalho</strong> ou círculos de qualidade, TQM, transferência do controle de qualidadeà produção, produção just-in-time, redução dos níveis hierárquicos e participaçãonos lucros ou ganhos. A pesquisa foi realizada entre janeiro e março de 1992,tendo como base empírica uma amostra de 714 firmas, sendo que, destas, 341pertenciam à indústria (Bassi, 1995, p. 46).Conforme revela sua pesquisa, 7,6% das firmas industriais tinhamdesenvolvido pelo menos um programa de educação no local de <strong>trabalho</strong> emnível mais elementar e apenas 1,4% o havia feito para todos os sete níveiscontemplados pelo estudo. 3 Quanto à reorganização do <strong>trabalho</strong>, 50,7% das993A autora utiliza em seu estudo uma classificação dos programas de educação no local de<strong>trabalho</strong> em sete níveis, quais sejam: nível 1 - a firma relata ter um programa de educação nolocal de <strong>trabalho</strong>; nível 2 - o nível 1 somado a dois itens dentre o programa é oferecido
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