96da produtividade. De acordo com essa nova concepção das práticas de emprego,a incorporação de um conjunto de inovações estaria a proporcionar umamelhoria da performance, dentre as quais se sobressaem uma delimitação maisampla dos postos de <strong>trabalho</strong>, a organização do <strong>trabalho</strong> em equipes e a suautilização para a resolução de problemas e questões atinentes à qualidade. Porisso mesmo, essas novas práticas de emprego têm sido associadas ao que seconvencionou denominar de high performance work organization.Como elementos complementares, as novas práticas de emprego tambémapresentam características distintas daquelas observadas sob o regime de acumulaçãofordista no que se refere aos seus métodos de contrapartidas à forçade <strong>trabalho</strong> em termos de pagamentos (Osterman, 1994a; Kling, 1995; Weinstein;Kochan, 1995). Assim, observam-se diversas iniciativas com o propósito de vincularmais estreitamente os métodos de remuneração ao desempenho dos trabalhadores,dentre as quais se destacam o pagamento de prêmios, de bônus ea participação nos lucros.Essas novas práticas de emprego relacionadas à noção de high performancework systems estariam a sugerir uma ruptura com aquelas oriundas do modelofordista de relações de <strong>trabalho</strong>, pois implicam mudanças substantivas em termosde organização do <strong>trabalho</strong> e dos métodos de remuneração da força de <strong>trabalho</strong>.A par desses aspectos, estariam a sugerir, também, a necessidade de umalógica menos conflitiva em termos de relações capital-<strong>trabalho</strong> para o êxito desua implementação.Por diversos motivos, até o presente é limitada a evidência empíricadisponível sobre as mudanças em termos de práticas de emprego nos EstadosUnidos (Weinstein; Kochan, 1995). Em primeiro lugar, isto deve-se ao fato deque o processo de mudanças é relativamente recente, sendo datado, basicamente,a partir de meados da década de 70; em segundo lugar, porque, de modogeral, os estudos carecem da abrangência necessária para que dos mesmospossam ser retiradas conclusões mais sólidas sobre a difusão das novas práticasde emprego naquele país.Em alguma medida, estudos recentes têm procurado preencher as lacunasanteriormente assinaladas. Nesse sentido, a pesquisa realizada porOsterman (1994a) teve como principal objetivo encontrar evidências sobre aabrangência e a profundidade das mudanças que estão sendo introduzidas emtermos de práticas de emprego na economia norte-americana. Esse estudo foidesenvolvido no ano de 1992, com uma amostra representativa de 694 estabelecimentosindustriais que possuíam 50 ou mais empregados, tendo sido recolhidasevidências sobre o <strong>trabalho</strong> em equipes, sobre a rotação nos postos de <strong>trabalho</strong>,sobre a administração de qualidade total — Total Quality Management(TQM) —, sobre os círculos de qualidade e sobre os novos métodos de remuneraçãoda força de <strong>trabalho</strong>.
De acordo com os resultados obtidos na pesquisa quanto à incorporaçãodessas novas práticas de emprego, foram encontradas as seguintes evidências:levando-se em conta qualquer nível de cobertura do pessoal empregado, o <strong>trabalho</strong>em equipe estava sendo implementado em 50,1% dos estabelecimentos; arotação nos postos de <strong>trabalho</strong>, em 55,6%; a TQM, em 44,9%; os círculos dequalidade, em 45,6%, sendo que 16% dos estabelecimentos não apresentavamnenhuma incidência dessas práticas de emprego. Já quando se leva em contaum nível de abrangência superior a 50% do pessoal empregado, a evidênciaencontrada é a seguinte: 32,3% dos estabelecimentos estavam implementandoo <strong>trabalho</strong> em equipe; 37,4%, a rotação nos postos de <strong>trabalho</strong>; 32,1%, a TQM;29,7%, os círculos de qualidade; e 33,2% não implementaram nenhuma dessaspráticas de emprego (Osterman, 1994a, p. 177).Na tentativa de quantificar em sua amostra, com precisão, o que poderiaser definido como uma organização transformada, Osterman (1994a, p. 178)utiliza como critério aqueles estabelecimentos industriais nos quais mais de50% do pessoal nas atividades consideradas core estivessem envolvidos com,pelo menos, duas das novas práticas de emprego. 2 Com base nesse critério,uma proporção expressiva de estabelecimentos — 35,9% — poderia serreconhecida como representando organizações transformadas. É tambéminteressante perceber que o estudo não encontrou evidência para a existênciade uma prática que ancorasse as demais, ou seja, de que houvesse a formaçãode um cluster de práticas em torno de uma principal.Entre os aspectos que explicam a adoção das novas práticas de emprego,o estudo desenvolvido por Osterman (1994a, p. 182) encontrou as seguintesevidências: trata-se de firmas que, com maior probabilidade, escoam parte desua produção para o mercado externo, tendo, portanto, que se debater comparâmetros internacionais de eficiência produtiva, bem como adotam, com maiorprobabilidade, estratégias empresariais mais orientadas pela qualidade e pelavariedade em suas pautas de produção.No estudo, é também investigada a validade de hipóteses sobre aimportância que, para as novas práticas de emprego, possuem aspectos ligadosao treinamento, às qualificações e à segurança no emprego (Osterman, 1994a,972Em face da dificuldade de obter dados para todas as ocupações, Osterman (1994a, p. 175)teve de se concentrar em famílias de ocupações por ele denominadas nucleares (core). Adistribuição dessas ocupações em sua amostra era a seguinte: profissionais/técnicos,14,3%; pessoal de vendas, 19,0%; escritório, 6,0%; serviços, 18,3%; e trabalhadores blue--collar, 42,3%.
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