50Associado à questão da diferenciação da demanda, alguns autorespropugnam que, para se coadunar a ela, as firmas procurariam reduzir sua capacidadeprodutiva, com isso obtendo maior grau de utilização da capacidadeinstalada. Não obstante, essa proposição parece ter muito mais validade paraas <strong>tecnologias</strong> especializadas. Assim, com a utilização das novas <strong>tecnologias</strong>e com o recurso da flexibilidade, é possível aumentar a variedade de produtos,obter economias de escopo e reduzir os custos unitários de produção. Em funçãodesses aspectos, Alcorta (1994, p. 761) avança a hipótese de que, emrealidade, as novas <strong>tecnologias</strong> poderiam conduzir, isto sim, a um aumento dasescalas em termos de tamanho da planta.Os resultados empíricos dos estudos compilados por Alcorta (1994,p. 761) vão no sentido de que as novas <strong>tecnologias</strong> têm um efeito ou neutro, oude aumento das escalas em termos de tamanho da planta. Assim, na indústriaautomobilística, nos anos 70, a escala considerada satisfatória de uma plantaera de 250 mil veículos/ano; ao longo dos anos 80, após a incorporação poressa indústria de uma série de novas <strong>tecnologias</strong>, como máquinas-ferramentacom CNC, sistemas CAD/CAM e robôs (isso sem mencionar inovaçõesorganizacionais, como, por exemplo, o Just-in-Time), uma plantatecnologicamente atualizada nos Estados Unidos ou na Europa tem, em média,uma capacidade produtiva que se situa no intervalo 250-300 mil veículos/ano.Por sua vez, na indústria de autopeças, um estudo sobre uma das fábricas dafirma sueca Volvo constatou que, após a substituição de equipamentos convencionaispor tornos com CNC, robôs e com a incorporação de sistemas de transporteautomatizados — automated guided vehicles (AGVs) — e de um computadorcentral, houve uma redução de 54 para 41 no número total de máquinas, eo número de operários reduziu-se de 90 trabalhando em dois turnos para 40trabalhando em três turnos; concomitantemente, a capacidade produtiva da fábricafoi aumentada em 33%. Já na indústria de bicicletas, observou-se umatendência ao aumento das escalas: enquanto nos anos 70 era necessário queuma planta tivesse uma capacidade produtiva de 100 mil unidades/ano, nosanos 80 a escala mínima considerada eficiente estava próxima a 250 mil unidades/ano.Em indústrias que produzem pequenas séries, a incorporação da automaçãode base microeletrônica abriu a oportunidade de integrar diferentes seqüênciasde operações e de manufaturar formas mais complexas (Alcorta, 1994, p. 761).Nesse caso, um estudo sobre pequenas firmas nas indústrias eletrônica, deinstrumentos e de maquinaria no Reino Unido evidenciou que, entre os anos 70e 80, houve uma tendência ao aumento ou à manutenção das escalas; issodeveu-se ao fato de que as novas máquinas utilizadas nos processos produtivos
possuíam maior capacidade e eram mais caras do que as antigas, implicando anecessidade de produzir mais para garantir a <strong>competitividade</strong> (Alcorta, 1994,p. 762).Na dimensão em análise dos efeitos das novas <strong>tecnologias</strong> sobre as escalas,Alcorta (1994, p. 762) ainda explora algumas relações a ela subjacentesem termos de custos. De acordo com esse autor, os estudos sobre a incorporaçãodas novas <strong>tecnologias</strong> reconhecem, de modo geral, uma redução doscustos do <strong>trabalho</strong> para um dado nível de produto. Nesse sentido, observa-seuma diminuição do emprego em diversas áreas, como produção, manutenção,controle de qualidade e de atividades de escritório, na medida em que avança oprocesso de automação. Não obstante (e esse aspecto deve ser enfatizado), asreduções no custo do <strong>trabalho</strong> não são proporcionais às verificadas no emprego,pois os postos de <strong>trabalho</strong> que são mantidos demandam novas qualificações eatribuições, fazendo-se necessários gastos com treinamento e comcontrapartidas salariais; dessa forma, um estudo da OECD (Tecnology..., 1992,p. 107-109) identificou uma associação positiva entre a incorporação de novas<strong>tecnologias</strong> e os gastos com treinamento dos trabalhadores.Quanto aos custos com a utilização de insumos, a evidência de uma sériede estudos também sugere que estes são reduzidos (Alcorta, 1994,p. 762-763). Nesses termos, são constatadas reduções nas perdas devido àutilização mais eficiente dos recursos e na rejeição dos produtos devido a problemasde qualidade, bem como são observadas economias em termos de estoques,espaço e energia (a respeito desses aspectos, ver, também, exemplosjá elencados na seção 1.2 deste capítulo).Não obstante, outros tipos de custos, principalmente associados aos gastoscom capital fixo, mostram elevação com a incorporação das novas <strong>tecnologias</strong>para um dado nível de produto (Alcorta, 1994, p. 763). Assim, por exemplo, umestudo identificou que o custo médio de uma máquina-ferramenta com CNC eraentre 50% e 100% superior ao de uma máquina convencional passível de ser porela substituída. Dessa forma, a incorporação das novas <strong>tecnologias</strong> sugere umesforço maior em termos de investimento.Esta última constatação conduz Alcorta (1994, p. 763) a argumentar que,em face de o aumento dos custos com capital fixo tender a mais do que compensaras economias alcançadas nos demais itens de custos, fica para asfirmas colocada a necessidade de expandirem os níveis de produção e, comisso, obterem uma redução dos seus custos unitários. A evidência estaria asugerir que essa é a maneira como elas estão procurando se ajustar ao aumentonos custos de capital fixo com a incorporação das novas <strong>tecnologias</strong>. Sintetizandosuas conclusões a respeito do efeito das novas <strong>tecnologias</strong> sobre as51
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