126identificar suas relações com a eficiência produtiva. No caso norte-americano,conforme se constata na seção 3.1, durante as décadas de 50 e 60 constituiuseum arranjo institucional que tornou possível a emergência naquele país deum padrão de eficiência produtiva no contexto internacional. A partir dos anos70, tal padrão de eficiência produtiva e as práticas de emprego a ele associadasentraram em crise. Desde então, desenvolveram-se novas práticas de empregonos Estados Unidos, com características distintas daquelas observadas duranteo período da Golden Age.No que diz respeito à experiência norte-americana recente, caberia acentuaralguns aspectos dos quais se possam retirar ensinamentos no que se refere àrelação entre práticas de emprego e eficiência produtiva. O primeiro aspecto achamar atenção é que o êxito na adoção das novas práticas de emprego,enquanto elemento de indução de melhorias na performance, está condicionadopor uma orientação no sentido de que sejam transferidos para os trabalhadoresos ganhos obtidos com as mudanças. Sugere-se com isso que, na ausência deuma orientação igualitária nas estratégias empreendidas, dificilmente estassustentarão resultados duradouros em termos de performance. A esse respeito,a experiência dos Estados Unidos tem mostrado um aumento das desigualdades,o que, por sua vez, tem implicado uma série de constrangimentos à adoção depráticas de emprego que favorecem a eficiência produtiva e, conseqüentemente,a melhoria do desempenho daquela economia (Bowles; Gintis, 1995).Outro ponto que se considera relevante, ainda que não seja possível até omomento uma avaliação definitiva a respeito do mesmo, refere-se à importânciade que as novas práticas de emprego sejam adotadas enquanto um conjuntosistêmico de iniciativas, não se restringindo a mudanças isoladas ou de curtaduração temporal. Ou seja, conforme evidenciam os resultados de alguns estudossobre a realidade norte-americana apresentados neste <strong>trabalho</strong>, novas formasde organização do <strong>trabalho</strong> e de gestão dos recursos humanos precisam serincorporadas como um conjunto coerente de ações; caso contrário, os seusimpactos sobre a performance provavelmente se mostrarão mais limitados.As evidências disponíveis sobre o caso norte-americano também apontamque, no âmbito do setor industrial, existe uma diversidade de comportamentosdas firmas em termos de adoção das novas práticas de emprego. Conforme foimostrado neste <strong>trabalho</strong>, firmas inseridas em setores mais dinâmicos têm umamaior propensão à mudança e à inovação, o mesmo não ocorrendo com aquelasque pertencem a indústrias mais tradicionais e em processo de declínio.Nesse sentido, caberia indagar se, na indústria norte-americana, ocorrerá umatendência à coexistência de estratégias mais ofensivas de adoção das mudançasnas práticas de emprego com outras de orientação mais defensiva, e quais
127serão seus desdobramentos no futuro próximo em termos de performance competitiva.No que se refere ao caso japonês, de acordo com os argumentos desenvolvidosna seção 3.2, esse país gestou, no Pós-Segunda Guerra Mundial, práticasde emprego com características distintas daquelas que foram dominantesna maioria das economias avançadas durante a Golden Age. A hipótese queorganizou a seção 3.2 foi a de que, desde a crise dos anos 70, essas práticasde emprego contribuíram para a constituição de um novo padrão de eficiênciaprodutiva, o qual se expressa na performance internacional das firmas japonesas.Com base nesse entendimento, caberia fazer algumas colocações sobreum tema bastante controverso, o da transferibilidade das práticas japonesas. Aquestão que a esse respeito se considera nuclear é a seguinte: a transferênciadessa experiência é desejável e possível? Seguindo a linha de raciocínio defendidapor Coriat (1994, p. 164-165), responde-se a essa indagação de forma afirmativa,pois as práticas japonesas fundamentam a eficiência produtiva em aspectoscomo a polivalência e a multifuncionalidade, bem como em processos decoordenação nos quais a tomada de decisões é mais horizontalizada, o quetraz consigo um questionamento da própria divisão do <strong>trabalho</strong>.Coriat (1994, p. 166-167) não desconhece que a possibilidade de difusãodas práticas japonesas é tensionada pelos aspectos socioeconômicos singularesàquele país que estiveram na origem de sua performance e que dificilmente sãoreproduzíveis. Entretanto, o taylorismo/fordismo originou-se em um país — osEstados Unidos — que também apresentava especificidades históricas, o quenão foi um impedimento à sua difusão no âmbito internacional. Ainda assim, aforma como ele foi apropriado pelos diferentes países não foi uniforme, observando--se uma diversidade de experiências que estão associadas às particularidadeshistóricas de cada nação.Conclusivamente, considera-se correta a perspectiva defendida por Coriat(1994, p. 168-174) sobre a transferibilidade das práticas japonesas ao propugnarpela busca, referenciada naquela experiência, da regulação das relações de<strong>trabalho</strong> pelo engajamento, constituindo-se os resultados obtidos em umacontrapartida aos trabalhadores. Esse autor sugere, inclusive, que se vá alémdo modelo japonês, defendendo a passagem do engajamento estimulado quelhe é típica ao engajamento negociado, no qual são estendidos e explicitadosos compromissos sociais e de mudança na organização do <strong>trabalho</strong>, valorizando-seaspectos como a formação, a qualificação e os mercados internos de<strong>trabalho</strong>, bem como uma estrutura ainda mais horizontalizada de tomada dedecisões nas firmas.
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