CARDIOPATIA MATERNAA cardiopatia é a quarta causa de mortalidade materna, sendo a primeira em mortes maternasnão obstétricas. Nos países da Europa Ocidental e América do Norte está ocorrendo umadiminuição da mortalidade materna por todas as causas. Esta tendência favorável é decorrente,principalmente, do controle das causas não-cardíacas de mortalidade materna, especialmente adoença hipertensiva específica da gestação, as hemorragias e a infecção, que ainda respondem, noBrasil, por 33% dos óbitos. Além disto, os avanços nas técnicas diagnósticas e na condutaterapêutica tornaram a gestação possível para as mulheres cardiopatas que eram proibidas deengravidar. Associou-se, também, a melhoria da cirurgia nas cardiopatas durante a gravidez. NoBrasil, a partir da década de setenta, iniciou-se o implante de próteses valvares biológicas,diminuindo o uso crônico dos anticoagulantes orais, apesar da maior durabilidade das prótesesmecânicas sobre as biológicas. A cirurgia cardíaca teve um progresso importante no que tange àsegurança de sua realização, pois aumentaram as indicações eletivas de algumas cardiopatiascirúrgicas que até então somente eram realizadas em casos de extrema urgência.A incidência e a etiologia das cardiopatias na gestação são dependentes de aspectosgeográficos e sócio-econômicos. No Brasil, a cardiopatia reumática é a mais freqüente nagestação, seguida da cardiopatia chagásica e da congênita.Com relação à influência da cardiopatia na gestação, os autores descrevem que não ocorre ummaior número de abortamentos na grande maioria das cardiopatias, enquanto o trabalho de partoprematuro está vinculado à gravidade da cardiopatia. Enfatize-se que quanto mais grave a doença,mais precoce o parto. A presença do crescimento intra-uterino restrito está aumentada nasgestantes com cardiopatias cianóticas e nas classes funcionais III e IV (vide quadro). Com relaçãoaos recém-nascidos existe incremento no índice de mortalidade perinatal.Sobre a influência do ciclo gravídico puerperal sobre a cardiopatia, a literatura concorda noaumento da gravidade nas cardiopatas com grau funcional III e IV. Estas pacientes, especialmenteas com prole constituída, devem ser desaconselhadas a engravidar, a não ser que a cardiopatiapossa ser previamente corrigida por cirurgia.O ideal para uma cardiopata seria o planejamento de uma futura gravidez, pesando-se osriscos da interação entre a gravidez e a cardiopatia. Esta avaliação deve ser realizada por umcardiologista ou clínico experiente e todos os perigos acarretados pela gravidez devem serexpostos, discutindo-se sobre o desejo e os riscos desta gravidez com a gestante e seu parceiro.Infelizmente a grande maioria das cardiopatas já nos procuram grávidas.A indicação para a concepção ou a esterilização definitiva dependerá do grau funcional104
da cardiopatia. O grau funcional I é considerado favorável para concepção, sem restrições. O graufuncional II, apesar de incluir cardiopatias com bom prognóstico, exige um melhor estudo paraorientar a concepção. Já nos grupos III e IV a gestação tem sérias restrições. Além do grupofuncional, devemos pesar os aspectos do uso de anticoagulantes orais (warfarínicos), o uso depróteses, o tempo de evolução clínica pós-operatória (idealmente maior que 1 ano e menor que 6anos), o tamanho do átrio esquerdo (> 60 mm), a idade da paciente e outros parâmetros.O pré-natal da gestante cardiopata deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinarque incluirá o obstetra, o cardiologista ou o clínico e o psicólogo.Aos exames de rotina de pré-natal serão acrescidos a dosagem de creatinina, sódio e potássio,as provas de atividade reumática, além da reação de Machado Guerreiro nas gestantes compassado chagásico.Os exames usados para avaliação da patologia cardiológica são o eletrocardiograma, oecocardiograma, além do RX de tórax. Este último deverá respeitar a idade gestacional e serárealizado com proteção abdominal e dorsal pelo avental de chumbo. Estes exames não invasivos,associados à clínica, são responsáveis pelo diagnóstico da grande maioria das patologiascardiológicas e ajudarão no acompanhamento da doença com o evoluir da gravidez.A classificação do grau funcional da cardiopata será muito importante na primeira consultado pré-natal.Quadro - Classificação do grau funcional da cardiopata segundo a “New York Heart Association”,1979.Classe Funcional Características PrognósticoClasse IClasse IIClasse IIIClasse IVAusência de acometimento; paciente semlimitações da atividade física (assintomática).Comprometimento leve; limitação da atividadefísica (paciente assintomática em repouso, massintomática aos grandes e médios esforços).Comprometimento acentuado; marcante limitaçãoda atividade física (paciente assintomática emrepouso, mas sintomática aos pequenos esforços).Comprometimento grave; paciente incapaz derealizar qualquer atividade física sem desconforto,sintomática mesmo em repouso.FavorávelFavorávelDesfavorávelDesfavorável105
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