É controverso na literatura o comportamento do número de movimentos corpóreos fetais noevolver da gestação. Têm-se demonstrado haver relação entre o diminuir da movimentação e ocomprometimento do bem-estar fetal. É bastante conhecido o sinal de alarme dos movimentos deSadovsky, ou seja, a ausência de percepção de movimentos fetais pela mãe por 12 horas, quetraduz comprometimento grave da saúde fetal. Este sinal está associado ao padrão patológico dacardiotocografia em 60%, óbito neonatal em 9% e natimortalidade em 30% dos casos.Por serem os movimentos corporais do feto muito variáveis, de acordo com a atividadematerna, ritmo circadiano, uso de drogas sedativas (benzodiazepínicos, barbitúricos, narcóticos),uso de álcool e fumo, e segundo cada grávida, não é possível estabelecer parâmetro deanormalidade para a diminuição do número absoluto de movimentos. Acrescente-se que, emcontraste com os movimentos respiratórios, é ainda muito discutível na literatura se os corpóreossofrem influência da alimentação ou do nível glicêmico materno. Foi dito que, durante o sonofisiológico fetal, não se percebem movimentos por 20 minutos, em média, podendo o bebêpermanecer sem cinética por até 75 minutos.Na prática clínica, há duas maneiras de se avaliar a movimentação corpórea do feto durante operíodo gestacional, a saber, o informe subjetivo e a contagem diária.Informação subjetiva dos movimentos corpóreos fetaisA simples informação por parte da grávida normal da boa cinética fetal, em todas asconsultas do pré-natal, basta como método avaliador do bem-estar do produto. Importa salientarque a gestante não deve comparar o padrão de movimentação de seu bebê com uma gravidezprévia e muito menos, evidentemente, com o de outra grávida. Nos casos em que a mulher percebaredução dos movimentos, aí sim ela deve ser orientada no sentido de contá-los.Contagem diária dos movimentos corpóreos fetaisAo contrário da informação subjetiva, a contagem diária dos movimentos corpóreos fetaisprocura tornar mais objetiva a avaliação da vitalidade fetal. A gestante deve ser orientada paraanotar o intervalo de tempo necessário para a percepção de dez movimentos fetais. Recomenda-seà gestante que o período de observação diária destes dez movimentos deva ser realizado emcondições relativamente constantes, por exemplo, à noite, após o jantar e sempre em decúbitolateral ou semi-Fowler (semi-sentada). A grávida não poderá, durante a contagem, ser distraída ouinterrompida. Deste modo estabelecemos, ao longo dos dias, o padrão da cinética deste feto. Oaumento de 50% ou mais no intervalo de tempo necessário para a percepção de dez movimentos,de um dia para outro, é sinal de alerta, devendo a gestante comparecer ao serviço de admissão departos para propedêutica complementar.48
MONITORIZAÇÃO CLÍNICA DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA FETALA cardiotocografia, pelas suas características não invasivas, pela própria eficiência e análiseimediata dos resultados, tem papel de liderança na avaliação biofísica do bem-estar fetal, tanto noperíodo anteparto quanto durante o parto. Entretanto, apesar das enunciadas vantagens, constituiainda, método de relativo custo, o que lhe dificulta a utilização, máxime em gestações normais. Hánecessidade, então, da divulgação de método clínico, de baixo custo e fácil acesso, capaz deavaliar a higidez do produto conceptual, denunciando as gestações necessitadas deacompanhamento mais sofisticado.Desta forma, a sistematização adotada na ausculta clínica da freqüência cardíaca fetal deveser a seguinte: Utiliza-se o sonar Doppler, provido preferencialmente de mostrador digital dafreqüência cardíaca, fazendo uma observação inicial por cerca de um minuto, com o objetivo deestabelecer a freqüência cardíaca fetal basal (normal entre 110 e 160 batimentos por minuto).Presente movimentação corporal fetal e/ou contração uterina materna, acompanhada de aceleraçãotransitória do ritmo cardiofetal de 15 batimentos por minuto ou mais, desnecessária se torna aestimulação do produto conceptual. Entretanto, se durante a ausculta basal não se evidencieaceleração, realiza-se a mudança de decúbito materno, com a finalidade de “acordar” o bebê e,com isso, observar movimento corpóreo e a aceleração cardíaca decorrente. Ausente a reatividadefetal faz-se a estimulação mecânica (através de dez movimentos de lateralidade sobre o pólocefálico fetal) ou, então, a vibratória (através de massageador elétrico ou estimulador apropriado,acionado durante 3 segundos sobre o pólo cefálico fetal). Somente em último caso utiliza-se aestimulação sonora (através da buzina Kobo de bicicleta acionada durante 3 segundos sobre o pólocefálico fetal), pois ela é desnecessária na grande maioria dos fetos normais e por ainda não sesaber os possíveis efeitos adversos sobre o produto conceptual. Valoriza-se, como sinal dereatividade fetal após o estímulo sonoro, o aumento da freqüência cardíaca em 20 ou maisbatimentos por minuto com duração de um ou mais minutos.OUTROS MÉTODOS CLÍNICOS DE AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETALESTIMATIVA DO PESO FETAL E DO VOLUME DE LÍQUIDO AMNIÓTICONa palpação obstétrica propriamente dita do útero materno o tocólogo, virtuoso na arte,pode apurar as alterações quantitativas do peso fetal (crescimento intra-uterino restrito,macrossomia) e do volume do líquido âmnico (oligo ou polidrâmnia), que são elementosavaliadores importantes da vitalidade do produto conceptual, pois representam variáveis derisco para morbidez e mortalidade neonatal. A estimativa clínica do49
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