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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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usuário de cocaína perde o medo da ameaça vinda do outro por sentir-se mais fortee poderoso.Em se tratando do crack, seu efeito é bombástico e, ao contrário da cocaína,vemos que é uma droga que não dá espaço para a sociabilidade; o usuário de cracktorna-se egoísta pelo fato de precisar usar constantemente para manter-se sobefeito; ao fim, quando o próprio corpo não agüenta mais, relata querer voltar paracasa e ficar resguardado e seguro. Em outras palavras, é como se toda a energia seesvaísse e precisasse do recôncavo da casa para sentir-se protegido. O uso docrack, para alguns, produz o que eles chamam de “nóia”, uma sensação deperseguição e mal-estar. Mesmo assim, é comum ouvirmos discursos como: “Émelhor pagar com o preço da ‘nóia’ do que não sentir nada.” Vale o preço do malestarposterior, para poder sentir-se, mesmo que por pouco tempo, energizado,elétrico, agitado, estimulado, ao invés de permanecer em sobriedade. A droga passaa funcionar como algo que colore, dá sabor, dá brilho a suas vidas, tirando, muitasvezes, da realidade cinzenta e cruel. São sujeitos que precisam viver em um nívelmais alto de adrenalina, com sensações fortes e extremas. “Eu não gostava de ficarsóbrio, sobriedade nem vira, eu não agüentava ficar assim” (Entrevistado 18).“Toda tragada é bom, né, sei lá, parece que dá uma adrenalina, acho que éisso que meu corpo tava querendo, adrenalina”, nos diz o entrevistado 14. Namaioria das vezes, a sensação da droga é acompanhada de outras fontes prazer,que também proporcionam a sensação de ficar “meio alto”: Para alguns, significabuscar droga em lugares perigosos, a ameaça de ser pego pela polícia; para outros,o som da música eletrônica e as luzes da festa Rave; a associação de drogas aesportes radicais, enfim, situações que provocam um alto nível de estresse, mas, aomesmo tempo, produzem prazer. “Sabe, é mesma coisa que pular de pára-quedas,fica sentindo aquela adrenalina quando “cê” pula: “nossa que legal!” “Cê” ficaolhando, assim, e..., fica aquela sensação gostosa, mas quando “cê” cai no chão:“Nossa, já passou?” (Entrevistado 14).A droga parece representar, também, uma ânsia de retornar às experiênciasprimitivas da vida infantil. Descreve o entrevistado 19, ao se referir à vontade deusar droga: “É mesma coisa quando “cê” tá com vontade de tomar um sorvete,chupar uma bala, uma fruta, pra mim é a mesma vontade [...]”. Em outras palavras, a99

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