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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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O início da análise, principalmente, torna-se angustiante para o analista,uma vez que o toxicômano caracteriza-se, na maioria das vezes, pela falta dedemanda. Em alguns casos, são trazidos por familiares ou encaminhados pelajustiça; em outros, eles próprios procuram o tratamento. Todavia, isso não significademanda para o trabalho analítico, visto que se apresentam, principalmente, deduas formas: pedindo que o analista lhes ofereça uma “poção mágica” que os livremda vontade de usar ou solicitando um substituto que possa garantir o mesmo prazer,sem trazer prejuízos à sua vida.[...] esses pacientes apresentam sintomas que não se endereçam a umOutro, nem como forma de se situarem subjetivamente, nem sob a forma dequeixa — “a culpa é de meu pai ou de minha mãe”, por exemplo –, nem soba forma de pergunta dirigida ao analista (GONDAR, 2001, p. 30).Quando o clínico se vê tomado pela incapacidade de escuta, queixa-se dodiscurso repetitivo relacionado às minuciosas experiências de intoxicação e àsperipécias para a obtenção da droga. Em outras, nota-se por parte do paciente anecessidade de “interromper o uso de drogas”, de curar-se, porém consideramosque leva um tempo para que tal necessidade torne-se uma questão de análise: “Oque tenho a ver com isso?”, “O que isso tem a dizer de mim?”. Até que essasquestões sejam formuladas no trabalho analítico, o clínico escutará, continuamente,um discurso configurado de modo diferente daquilo que o psicanalista estáhabituado a escutar, portanto inacessível. “Existem, portanto, núcleos deirrepresentável que não podem ser tratados pela fala. A fala não tem nesse casofunção de representação nem de continência para estes núcleos traumáticostendendo a descarga” (DUPARC, 2001, p. 53). Noutros termos, trata-se de umdiscurso carregado de sensorialidade, de recursos visuais, sinestésicos, olfativos,despertando sensações naqueles que o escutam.No efeito da droga estaria presente a ilusão de que o prazer nãonecessariamente deveria passar pelo significante; uma ilusão que garantiria aconstância do prazer. “A intensificação da fonte orgânica da pulsão transforma ocorpo em um verdadeiro turbilhão que favorece o escoamento da pulsão, nainevitável busca pelo alvo, por caminhos mais fáceis, des-significantizados”145

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