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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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Diferente de uma reflexão a que estamos habituados a engendrar, ou seja,aquela que coloca tais jovens em um lugar marginal e, automaticamente, exclui-osde nosso contexto, Takeuti (2002), lança luz para olharmos tais atos delinqüentescomo formas de reação e de sobrevivência ao lugar em que foram colocados desdeo nascimento. A autora recorre a Guattari (1981) sugerindo que ao invés de tratartais fenômenos como manifestações psicopatológicas, “devemos considerá-loscomo a parte mais viva, o mais móvel das coletividades humanas nas suastentativas de encontrar respostas às mudanças nas estruturas sociais e materiais”(TAKEUTI, 2002, p. 23). As condutas desviantes dos jovens nos colocam frente aesboços de novas configurações comportamentais. Essas não podem sernegligenciadas de modo algum, ao contrário, pedem uma atenção especial e umolhar cauteloso de todos nós, profissionais das ciências humanas.Jovens das camadas pobres que se encontram ejetados do mercado detrabalho e de consumo, já nas suas infâncias, quando precocementecomeçam a “trabalhar” nas ruas (e nas minas e fábricas!), forçosamenteexpõem-se a um modo de vida de “altos riscos” e vêem-se “usurpados” deum quadro de referência estável para poder afrontar os conflitosconstitutivos do seu desenvolvimento emocional (TAKEUTI, 2002, p. 23).Considerando que os modos se subjetivação são modeladoshistoricamente, não há como negar que a constituição de sujeitos, no contexto dasperiferias, será fortemente afetada por uma ética que lhe é própria. Uma ética regidapela eleição de um líder, que gerencia e administra a ação e o trabalho de seus“subordinados”. Corroboramos, portanto, os questionamentos apontados pelaautora, a partir de seu trabalho com “meninos e meninas de rua” em situação derisco:Que recursos materiais concretos eles dispõem para fazer face à carência,no sentido mais amplo – no plano pessoal e social –, principalmente,quando se trata de uma categoria que se encontra na absoluta exclusão(econômica, social, cultural, política)? Que dizer então de dispositivossimbólicos que lhes permitam a sublimação de seus conflitos típicos dajuventude – busca de modelos identificatórios, busca de regulação à “crisede identidades” – quando se encontram projetados para um lugar socialinvalidante e considerados os “responsáveis” pelas mazelas sociais?(TAKEUTI, 2002, p. 27).51

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