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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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irrelevante diante do imperativo de obter o efeito do tóxico. Poderíamos, ainda,lançar um olhar mais sistêmico para a problemática e afirmar que há jovens, quecaem nas malhas da dependência em virtude de seu mal-estar familiar, insatisfaçãoe falta de diálogo com as figuras parentais.Não pretendendo contrapor ou negar tais perspectivas e interpretações arespeito do fenômeno da toxicomania, nossa proposta, como já foi dito, é tomar a“doutrina da pulsão” como fio condutor para investigar as questões da relação dotoxicômano com seu corpo e suas repercussões subjetivas. Nesse sentido, impomonosoutra categoria de interrogações: que marca pulsional é essa, tão indelével,traçada pela experiência com a droga, visto que mesmo diante da abstinência eafastamento do uso, o sujeito sente-se estimulado, impulsionado a buscá-lanovamente? De que ordem é tal experiência sensorial que o sujeito não pode abrirmão, sofrendo, com isso, as conseqüências da dependência?Como vimos no capítulo anterior, o prazer, de modo geral, remete a umaquestão da economia psíquica, isto é, tem a ver com a intensidade de energia quecircula pelo psiquismo e depende, diretamente, da forma como esse circuitoacontece. Afirmar que o uso de drogas está relacionado à busca por umaexperiência prazerosa nos pareceria de demasiada obviedade, no entanto, resta-nosinvestigar de que ordem é tal prazer. Por que o sujeito lança mão de uma forma tãoespecífica (através da fixação à droga) de obter prazer e não outra?Na tentativa de responder a tais questões faremos no presente capítulo umadiscussão sobre a primazia da sensação a luz da teoria pulsional, tomando comoreferencial os discursos dos toxicômanos sobre as suas experiências sensíveisligadas ao tóxico. Para tanto, inicialmente, caracterizaremos os sujeitosentrevistados 44 . Estudos populacionais demonstram que das pessoas que fazem usode álcool, por exemplo, 60% não progrediram para a dependência nos últimos doisanos; 20% voltaram para o uso considerado normal e 20% ficaram dependentes(FLIGIE, 2004), por essa razão é importante delimitar a diferença entre usuário edependente.Entre as extremidades: “uso” e “dependência” existem diversas formas dese relacionar com a droga. Convém, portanto, esclarecer que o grupo trabalhado na44 A esse respeito, ver, ainda neste capítulo: 4.3 – Quadro de caracterização dos sujeitos entrevistados.87

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