25.08.2015 Views

Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

5.4 – Da primazia do prazer a um prazer “orientado”Para toda criança gulosa, ávida, impaciente de gozar, crescer significaaprender adiar o gozo, deslocando-o para os objetos compatíveis com omundo, com os outros e com a autoconservação. O cálculo dos riscos levaa apreciar os encantos de um segundo prazer, que ainda não está ao seualcance, que é preciso conquistar à custa de algum esforço. O prazerimediato, despreocupante, não-negociado da infância (e das drogas, essasprimeiras e, num certo sentido, infantis quebradoras de inquietação) étrocado pelos dividendos da renúncia (SISSA, 1999, p.13).Como temos repetido, diversas vezes, a tendência do sujeito é a busca peloprazer e a evitação do desprazer, porém isso ainda é insuficiente à nossainvestigação. O que nos resta compreender é como se dá a passagem entre os“prazeres e dores em estado não-ligado” a um princípio orientado, que também visaobter prazer e evitar a dor? Em outras palavras, resta-nos discutir o que estará emquestão no tratamento do toxicômano? Seria possível um remanejamento no planopulsional? Qual a relação que o toxicômano passa a estabelecer com seu corpoquando abre mão do uso de drogas? Como deve ser revertida tal condição deexistência – a do dependente, vez que sua situação é a de ser conduzido por uma“coisa” (a droga) que estabiliza, agarra-se, fixa-se em seu corpo e em seupsiquismo?Diante de uma pessoa reduzida à paixão exclusiva e tirânica por uma droga,é natural que se pergunte como se poderia distrair-lhe a atenção, despertaruma outra curiosidade, provocar uma preocupação antagônica, arrancaressa pessoa do imediatismo e da urgência da necessidade, agir de modo aque o olhar escravizado se oriente num outro sentido (SISSA, 1999 p. 104).De acordo com o que temos visto e ouvido a respeito da clínica datoxicomania, chegamos à conclusão de que o tratamento em dependência químicapode ser condensado no seguinte tripé. Em primeiro lugar, substituição da satisfaçãopulsional por outros objetos, não permanecendo fixado apenas a um, como acontececom a droga, e dessa forma, descobrir que existem outras fontes de prazer; emsegundo, a possibilidade de se recriar um “outro ser no mundo”, não apenasmarcado com o título “dependente em recuperação”; e finalmente, a renúncia emdois sentidos: renúncia parcial da satisfação, consciente de que não encontrará a148

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!