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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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A clínica das intensidades, especificamente, aponta para algo que seencontra no registro da sensação e fora do campo estrito da representação,contrário àquele discurso, demasiadamente, sofisticado, perpassado por umalinguagem racional e, ao mesmo tempo, vazio de sentido, comum, muitas vezes, noinício da análise, como forma de exercer controle e resistência à irrupção de afetos.A clínica deve ter suporte para trabalhar as forças que não são passíveis designificação no trabalho analítico. Nossa concepção de toxicomania, como umatangente encontrada pelo sujeito para possibilitar um escoamento da força pulsional,ou mais, precisamente, a primazia da sensação, nos evidencia a necessidade deuma clínica que dê atenção para a experiência sensível do sujeito. Para tanto, oclínico deve proporcionar um espaço possível ao toxicômano para falar e,conseqüentemente, escutar a respeito de sua própria experiência sensível com adroga.Em outras palavras, o toxicômano ao se apresentar no gabinete analítico, ofaz de forma a não querer saber do significante. Sem cultura, sem laço social, ele sereconhece apenas como alguém disposto a repetir o ato servil perante um senhortirânico, silencioso e imóvel (NOGUEIRA FILHO, 1999, p. 30). No Seminário 20,intitulado Mais ainda, Lacan afirma que o corpo é marcado por uma hiância,capturado pelo desejo que “só nos conduz a visada da falha” (LACAN, 1982 apudNOGUEIRA FILHO, 1999, p. 31). Contudo, o que se passa na toxicomania é uma“brincadeira” com o organismo bioquímico para ver até onde ele pode ir. Dessemodo, o analista encontra-se, constantemente, com o indivíduo que brinca de formavoluptuosa e imprudente com o corpo, obstaculizando ou mesmo desfazendo alógica do sujeito (NOGUEIRA FILHO, 1999).Como já dissemos na introdução deste trabalho, o discurso estereotipado apartir de profissionais que trabalham na área: “eles falam sempre a mesma coisa”teve relevância em nossa escuta, nos levando a seguinte questão: será que elesfalam sempre a mesma coisa, ou nós estamos habituados a escutar sempre domesmo lugar? Por um lado, consideramos que tal questionamento justifica oempenho em perseguir a problemática da clínica das intensidades, acreditando quenossa percepção a respeito “daquele que nos fala” é capaz de propiciar sucesso oufracasso ao tratamento. Por outro, este tipo de queixa por parte de clínicos, quetrabalham na área, reproduz certa resistência contra as dificuldades do processo.144

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