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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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criptográfica, o caráter de formações do inconsciente”. (NOGUEIRA FILHO, 1999, p.61). Ele se apresenta não-freudiano por não querer saber da palavra. Evidentementeque, em alguns casos, o analista não dispõe, prontamente, de representações depalavra, mas sim de recursos sinestésicos apresentados a partir das descrições desensações, dos gestos, dos suspiros e sonoridade da fala do analisante. Assimsendo, deverá tomar tais elementos, que estão sendo dispostos no trabalhoanalítico, para que o processo terapêutico aconteça.A clínica das intensidades coloca o profissional diante de seus própriosexcessos e de sua experiência sensível, razão pela qual ele deve evitarinterpretações precipitadas. O analista deve escutar seu analisante, assim como oleitor ao ler um texto literário, não se atendo apenas à estrutura e à forma, mas aoque há de mais particular nas entrelinhas. Assim como a arte, a análise não provémde conhecimento intelectual, mas de uma produção que transpõe a porta estreita dosaber consciente para a experiência sensível para o prazer estético. A clínica nãocaminha a fim de fazer um desvelamento de uma verdade, de tirar o véu doocultamento, mas, contrariamente, cria o “não-vivido” até então. O que se constróipela demanda de análise tem característica de inédito para o sujeito; apesar darepetição, o sintoma é considerado sempre uma nova produção. Freud (1937) fezuma analogia da psicanálise com a arqueologia, e, acrescentamos que umarqueólogo dará sentido às suas pesquisas quando fizer um rearranjo do materialcoletado. Assim como a obra de arte, por exemplo, pode ser vista como um materialpsicanalítico privilegiado, também a análise pode ser considerada um ateliê artístico.A psicanálise não se caracteriza, especificamente, por uma técnica, mas se constituipor uma ética, um modo de trabalho muito singular. A ocupação em desvelar umarealidade factual faz sombra para que o analista consiga perceber a força propulsorada pulsão que está na gênese da neurose.O fazer psicanalítico perde, então, o seu caráter de tradução de sentidosdissimulados, tornando-se, assim, desde esta perspectiva, um fazer criador,que não está para decifrar um código de ocultamento de um conhecimentopresente, mas esquecido, mas sim, para criar, num encontro psicanalíticofundante, os múltiplos sentidos de realidades singulares inéditas (KON,página não identificada).143

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