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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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Constituída por movimentos de vaivém, a clínica da toxicomania não éestabelecida, objetivamente, a partir do sintoma, mas sim, subjetivamente, pautadana relação estabelecida, quer seja com o terapeuta ou com a instituição. Por isso,dizemos que uma vez conquistada a aliança com o toxicômano (o que parecebastante desafiador) podemos assegurar uma parte do sucesso terapêutico. “Não háestabilidade possível na clínica do toxicômano”, afirma Olievenstein (1985, p. 51).Se partirmos do pressuposto de que todo teórico, nessa área, buscaconstruir, cientificamente, um método terapêutico, o autor afirma que tal construçãose dará pela via da intersubjetividade e que a adequação só se fará possível “demaneira objetiva no somatório dos casos e na massificação concordante dosresultados”, ou seja, será a partir dos fatos reais que se pautará a elaboração dosfundamentos da clínica (OLIEVENSTEIN, 1985, p. 51). Mesmo assim, vale salientarque não se trata de uma configuração rígida, obediente a uma regra específica.Não pode haver modelo, a não ser que, passo a passo, encontremos algumfazendo referência à física, à poesia, à filosofia e também à música. O quenão é de surpreender, pois a linguagem do toxicômano (“planeta, viagem”etc.) e sua relação com a música e com a poesia, são uma demonstraçãoconstante desta possibilidade. (OLIEVENSTEIN, 1985, p. 52).Uma concepção que nos parece inaugural na clínica proposta porOlievenstein é a busca do como em vez do por que. Dito de outra maneira, só serápossível atingir o porquê das coisas se o clínico pautar-se, inicialmente, naperspectiva de como alguém se torna um viciado em cocaína em busca de umasuper-estimulação, enquanto outros não renunciam às viagens proporcionadas pelosalucinógenos. É, por essa razão, que a ação terapêutica só terá eficácia na medidaem que existir de forma individualizada. “O sintoma não é próprio de cada indivíduo,mas o instante do nascimento deste sintoma é particular...” (OLIEVENSTEIN, 1985,p. 53).Olievenstein dá ênfase, ainda, ao que ele intitula “seqüência de fatos”, quecorresponde ao momento em que diferentes grupos de fatos atingirão o alvo, isto é,o terapeuta. Esse movimento cria, conseqüentemente, uma “afinidade química”, quenão corresponde ao que conhecemos por transferência. O que vale, aqui, não é,necessariamente, que a mensagem deixe de ser enigmática, tornando-secompreensível, mas que, pelo menos, se perceba a presença da mensagem.131

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