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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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Você tinha me falado antes, que começou a gostar de roubar. Como era essasensação de roubar?Ah, eu comecei a gostar de roubar pra ter adrenalina, né, passar por apuros. Hojetenho problema na justiça (...). Quando eu tava na “nóia”, não tinha “corage” deroubar, ficava com medo, depois eu tomava umas cachaça pra roubar. Aí eu entravanuns buraquinho pequeno e leva tudo que tinha na casa. Só podia ser o demôniodentro de mim, eu fiz coisa que só... Nem acredito. Tiro? Um monte de tiro queatiraram e nem acertou em mim. E, eu comecei a gostar disso aí, fiquei 9 mesesmorando numa construção. Roubava as coisa de noite, guardava na construção aíde manha vendia e ia usar pedra. Disfarçava, colocava um saco de lixo nas costaspara dizer que eu tava catando as coisa nas rua e estava atrás das casa dos outro.Tacava uma pedra na porta, assim, e via que não tinha ninguém, ai era aqui mesmo,entrava e levava tudo o que tinha direito. Então, eu tava usando só de malandragem,fingindo que eu era mendigo. E eu andava sozinho, nunca me pegava eu. [...]Foiassim que eu fui parar na cadeia. E, eu queria que alguém me desse um tiro nacabeça pra acabar com o sofrimento, não tava pensando mais na minha mãe, emninguém. É muito sofrimento demais, nesses 15 ano aí, eu sofri que nem umcachorro, aí. Mas, hoje eu posso ver que eu posso enfrentar isso aí, eu possoenfrentar. Hoje eu encaro que eu sou um doente, um doente incurável e progressivo.Não tem cura, é que nem um câncer, não te cura... tem que ficar tratando dele, émesma coisa. Eu vou ter que ficar tratando pro resto da minha vida. Eu só vou falarque eu tô bom mesmo, bom mesmo, o dia que eu tiver morto no caixão, aí eu possofalar que tô 100% bom mesmo. [...]Por que você acha que as pessoas se tornam dependentes?Acho que falta também da família um pouco de apoio, eu não tinha amor de pai enem de mãe, por causa das brigas deles lá, eles me deixaram de canto, só viviabrigando..., me batia muito quando eu era pequeno, e foi crescendo uma revoltadentro de mim. Minha mãe, agora, depois que eu tô grande, que eu vi ela falar: “Eute amo”, mas quando eu tinha 6, 7 anos nunca ouvi isso daí. Eu dava “trabaio” desdequando eu nasci, já dava “trabaio”, já fui expulso de escola, os professor falaram praminha mãe me levar eu no psicólogo, que eu tinha problema de cabeça. Emhospital psiquiátrico já tive 25 internação, já internei 25 vezes em hospitalpsiquiátrico. Já cansei disso aí, não quero mais isso para mim. Hoje eu quero ser um244

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