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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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ecuperação. Como mencionamos no início deste capítulo, algumas abordagens detratamento têm por finalidade a ajuda mútua em grupos e buscam propiciar umencontro do dependente com sua história e, conseqüentemente, com a palavra,como, por exemplo, o Amor Exigente 60 . Através desse veículo de tratamento,acredita-se que o toxicômano passa a vivenciar um espaço de nomeação esimbolização de sua experiência intoxicante. Contudo, a importante críticaapresentada por Nogueira Filho (1999, p. 34) nos conduz à reflexão de que quandoo toxicômano “encontra alguma palavra é sob a forma de um enunciado cristalizadona fórmula ‘eu sou toxicômano’. Fórmula pobre que se auto-alimenta, pois parte doprincípio de que não há desvencilhamento possível desta condição”. Em algunscasos notamos que a ruptura com a linguagem e com a demanda de amor e doOutro persiste, já que, a partir desse momento, torna-se colado ao rótulo“dependente em recuperação”.Este título dado, por algumas instituições, aos que decidem entrar para oprocesso de tratamento, é justificado pela crença de que nunca estarão curados, eque, durante toda a vida precisarão estar em estado de alerta para não sofreremuma “recaída”. Vale retomarmos as palavras de Christiane F., em uma entrevista, 20anos após sua recuperação 61 , quando lhe questionavam se ela passava comtranqüilidade nos lugares freqüentados durante a fase de abuso de drogas: “Mas euainda não me sinto forte o suficiente para isso. Eu não quero cair na tentação semnecessidade. Isso poderia levar tudo a perder”. Ainda, quando lhe questionam se elase sente abalada ao se deparar com droga, a resposta é a seguinte:Sim, até agora foi sempre assim: quando eu vi um viciado em Hamburgo,fiquei ansiosa, mas eu me recompus rapidamente. Eu pensei, agora estouaqui e não quero ir embora. Mas, às vezes, quando eu estou numadiscoteca e entra um viciado - eu reconheço todos eles - então eu sinto umapicada de agulha e começo a pensar se eu devo falar com ele. O que clarolevaria a uma recaída (CHRISTIANE F., página não identificada).60 O Amor Exigente é um grupo de ajuda mútua, humanitária e ecumênico, uma proposta de educação. Omovimento chega até a comunidade por meio de reuniões semanais, apresentando-se como uma solução amorosapara pais que lutam pela recuperação de filhos dependentes de tóxicos ou qualquer outro comportamentoinaceitável. Fundado nos Estados Unidos, o movimento foi trazido para o Brasil pelo padre Harold J. Rahm que,em 1978 iniciou o trabalho de tratamento e recuperação para farmacodependentes. A esse respeito ver:http://www.amorexigente.org.br61 Entrevista retirada do site: http://christiane_f.weblogger.terra.com.br/index.htm. Em virtude da fonteconsultada, não podemos afirmar quanto a sua fidedignidade.150

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