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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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Nosso interesse em apresentar tal teoria, como paralelo ao que temostratado até então, deu-se em virtude de nossos estudos colocarem a droga em umlugar de anestesia dos estímulos endógenos. Parece-nos que, assim como osestímulos elétricos funcionam como impedimento para a condução dos estímulos dedor, captados pelos receptores sensoriais da pele, também a droga abstém o sujeitode entrar em contato com o acúmulo de estímulos endógenos. Isso explicaria porqueao final de uma longa jornada de uso, o dependente permanece em um estado deprofunda angústia.Da mesma maneira que o impulso endógeno, incessante em seu movimentode acúmulo, está em busca de descarga, também o abuso de droga, como via dedisfarce para o incômodo, permanece em constante solicitação de mais uma dose,acompanhando o movimento pulsional. A esse respeito: “há uma sucessão de Reizeinternos e externos que respondem de imediato ao corpóreo e sustentam acontinuidade da disposição a sair do desprazer para o prazer, disposição esta que érealimentada seqüencialmente por sensações agradáveis” (HANNS, 1999, p.62). Apressão, que se constitui a partir do excesso de estímulo pulsional (Reiz) évisivelmente presente na toxicomania através da urgência irremediável do uso queaparece de maneira invasiva e ameaça a ascensão do pensamento. A partir dessaperspectiva, o tóxico funcionaria apenas como uma forma de disfarçar os impulsosincomodativos, mas não de descarregá-los.Ocampo (1988 apud GURFINKEL, 1995, p. 105) aponta aspectosimportantes, abordando a droga a partir de dois ângulos: primeiro, no que tange aovínculo (relação) com a droga – coloca-a no lugar de objeto (Objekt) da pulsão, coma qual o sujeito se relaciona; e, em outro sentido, a toxicomania enquanto ato –nesse caso, a droga ocupa lugar de alvo (Ziel) da pulsão. Noutros termos, a drogaenquanto elemento em si é um estimulante e produz um estado de excitaçãopsíquica, ao mesmo tempo ela é o Objekt (objeto da pulsão), uma via por onde aestimulação endógena será descarregada. Contudo, nossa perspectiva, dará ênfaseà toxicomania enquanto ato, e, nesse sentido, o alvo (Ziel) será sempre a satisfação.Dito isso, propomos que o toxicômano torna-se mais dependente do prazer sensitivoobtido pela droga do que do objeto em si, via pela qual essa experiência é atingida.Isso justifica as trocas sucessivas quanto aos tipos de drogas, a fim de extrapolar oslimites do próprio corpo e alcançar o nível máximo de satisfação. O objeto é mutável,106

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