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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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Partindo da premissa lacaniana de que o sujeito se constitui como um serdesejante a partir de sua inscrição na linguagem, Guimarães Filho (2006) afirma quea relação com a droga seria responsável pelo empobrecimento da condiçãosubjetiva, vez que o toxicômano não circula mais pelos diversos objetos em buscade satisfação, fixando a algo que lhe prometa um gozo supremo. Na busca peladroga, não é o desejo que faz o apelo, mas é a pulsão que solicita por mais uma, afim de satisfazer-se pela via da experiência sensorial. A esse respeito, NogueiraFilho (1999) faz uma ressalva importante; ao afirma que, a droga, diante de suaprópria condição intoxicante, possibilita ao homem um retorno ao instinto,conseqüentemente um empobrecimento da linguagem, em nome de um prazerorgânico. A respeito da linguagem, nos acrescenta Rudge (1998, p. 89):A ‘linguagem primitiva’, marcada pela relação com o corpo, aponta para aconstituição da pulsão, para o momento em que os significantes são ligadosà voz materna, extensão de seu corpo, e incidem como massa sonora sobreo corpo do sujeito sem qualquer mediação. As palavras como objetos dapulsão invocante valem mais por sua sonoridade do que por seu significadoconsensual. Nesse registro, assumem o papel de representações de coisaque se apóiam nos traços mnêmicos de experiências de satisfação, traçosconstitutivos da topografia do circuito pulsional.Na maioria das vezes, recebemos pacientes que produzem discursos,inicialmente, desconexos, sem sentido, uma mera repetição de palavras e estóriassoltas, podendo ser comparado a um “vômito”; um discurso que tem por finalidade“colocar para fora” o que está lhe incomodando. E isso nos põe uma questãoimportante: Qual o sentido da palavra em tais situações?Precisamos nos questionar sempre se as palavras do toxicômano têm defato o estatuto de linguagem verbal ou fazem parte desse pensamento dofuncionamento primário. Daí, também, o caráter “indizível” da experiência dodrogar-se, a linguagem de um corpo que pede droga já (GURFINKEL, 1995,p. 79).A esse respeito, diríamos que o discurso do toxicômano tem uma funçãomuito mais catártica do que elaborativa; não se trata, exatamente, de encontrar osentido das coisas, e, nem mesmo, de fazer questão a respeito do fenômeno no qualse vê inserido. Trata-se de um retorno e fixação à primitividade da experiênciasensorial, obtida com a droga, em que o sujeito se vê impossibilitado de representá-140

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