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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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O estudo e pesquisa da problemática do abuso de drogas são,relativamente, recentes, já que a cronicidade e as conseqüências mais funestas sãoascendentes apenas nas últimas décadas. Os métodos e teorias, visandocompreender a problemática do alcoolismo e a consciência dos danos causados poresta dependência, são mais remotos. Contudo, problemas como prevalência deAIDS em usuários de drogas injetáveis, aumento da criminalidade em virtude dotráfico, participação de crianças nessa rede de produção e distribuição sãopreocupações de ordem pública e nos parece que se associam às características dacontemporaneidade.A investigação dessas questões parece ultrapassar, em muito, asmotivações subjetivas envolvidas no abuso de substâncias, constituindo-se numgrave problema de saúde pública 1 ou, em outras palavras, num sintoma social, vezque o fenômeno está inscrito no discurso dominante da sociedade (MELMAN, 1992).A esse respeito, Rolnik (1997) refere-se ao mercado variado de drogas comoprodutor de demandas de ilusão, intitulando: toxicomania generalizada. A autoracategoriza três tipos de drogas, necessárias à manutenção de ilusões: os produtosnarcotráficos, responsáveis pela produção de miragens de onipotência; as fórmulasda psiquiatria biológica, que fazem crer em uma turbulência relacionada a umadisfunção hormonal; e as vitaminas que oferecem promessas de saúde ilimitada.Outra consideração relevante para pensarmos o fenômeno da drogadiçãodiz respeito às diversas significações atribuídas à droga em cada período histórico enas múltiplas realidades culturais e psíquicas. A título de ilustração, as regiõesprodutoras de matéria prima para a cocaína, tais como Colômbia e Bolívia, atribuemà droga um valor místico e de transcendência, sendo esta muito utilizada em rituaisreligiosos, a fim de atingir êxtases espirituais e proporcionar uma comunicação como divino. Nos anos 60, a utilização de drogas apresentava um caráter contestatório,os jovens da época buscavam contrapor-se às normas políticas, estabelecendo umanova maneira de viver agregada ao uso do LSD, por exemplo. (EHRENBERG 1991,apud BIRMAN, 2001).1 Vale salientar que a crescente produção e distribuição da droga, pelo narcotráfico, andaram em consonânciacom a “máquina de produzir psicotrópicos” - a indústria farmacêutica. A linha que separa essas duas ‘fábricas’ émuito tênue, marcada apenas pela ilegalidade da droga ilícita. Aliás, podemos afirmar que a linha da legalidade eilegalidade é, também, quase imperceptível (BIRMAN, 2000).12

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