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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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imposições podem gerar reações adversas, dentre elas, as que visam, justamente,não corresponder a maciças exigências, sendo materializadas através de açõesreacionárias ao poder social e público.Concordamos que são muitas as alternativas de que o sujeito lança mãopara suportar os sentimentos intoleráveis. Nos últimos dez anos, para citar umexemplo, cresceu, consideravelmente, a venda de livros de auto-ajuda como umatentativa de “responsabilização do eu”, fenômeno intitulado por Birman (2000) comomodernismo. Para o autor, o modernismo é quase uma inversão nos eixos quenorteiam a modernidade, no qual o eu e a consciência não são consideradosorigens, mas, sim, destinos. Com isso, há uma ênfase na responsabilização dosujeito pelos impasses e conseqüências de sua existência, funcionando como umaautoconsciência e revelando aquilo que estava oculto, mas que, ao mesmo tempo,lhe era imanente. Nas palavras do autor:O modernismo é o sintoma da modernidade, o que faz retornar de formatrágica o que esta quis recusar com as pretensões do sujeito de serautônomo e soberano, isto é, auto-centrado nos registros do eu e daconsciência. É, nestes termos, que os significantes auto-consciência ecrítica devem ser considerados: entrelaçados na tessitura do sintoma, ouseja, daquilo que se impõe e que retorna de maneira inapelável para a cenado mundo (BIRMAN, 2000a, p. 122, grifo do autor).A fim de abster-se da responsabilização que lhe é lançada, o sujeito tentaencontrar escapes e fugas. Nesse sentido, Freud (1930) no artigo Mal-estar naCivilização, se ocupou em descrever as fontes do sofrimento humano, tratando decategorizá-las em três grupos, conforme a origem proveniente: o interior do corpo dosujeito, em outras palavras, os estímulos endógenos; o mundo externo ou estímulosexógenos; e, por fim, a relação com o outro. Ainda, o autor sinaliza as possíveisformas de lidar com o desprazer, ressaltando que “não existe uma regra de ouro quese aplique a todos: todo homem tem que descobrir por si mesmo de que modoespecífico ele pode ser salvo” (FREUD, 1930, p. 103).A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós, proporcionamnosmuitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportálas,não podemos dispensar as medidas paliativas. [...] Existem talvez trêsmedidas desse tipo: derivativos poderosos, que nos fazem extrair luz denossa desgraça (Atividades Científicas); satisfações substitutivas, que adiminuem (Artes); e substâncias tóxicas, que nos tornam insensíveis a ela.38

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