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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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humanos sugerem que as alterações adaptativas ocorrem com a ingestão daprimeira dose de um opióide (BALTIERI et al, 2004).Ao buscarmos a literatura a respeito dos opióides encontramos o pioneirorelato de Thomas De Quincey que publica, em 1821, suas Confissões de umcomedor de ópio. No livro, ele fala sobre o sofrimento e o desespero do vício, mastambém faz descrições eloqüentes sobre os prazeres que a droga lheproporcionava. Os dias mais felizes de sua vida, diz ele, foram passados numacabana onde, durante um inverno, ficava trancado numa sala de estudos com umbule de chá, um livro de metafísica alemã e uma garrafa de láudano (extratoalcoólico de ópio). “Nenhuma de minhas lembranças mortais é superior àquela,como a hora, o lugar, e a pessoa que me pôs em contato pela primeira vez com adroga celestial” (DE QUINCEY, 2001, p. 79, grifo nosso). O início do uso,testemunhado pelo autor, se deu em virtude de dores fortíssimas e insuportáveis noestômago e não, como muitos pensam, pelo puro prazer. Essa se deu emdecorrência da extrema fome que viveu nos dias de sua juventude 34 . As dorestomaram proporção maior por volta dos 28 anos, conseqüência, nesse período, dasdepressões do espírito, dos quais só conseguiu encontrar alívio com as milagrosasporções de ópio. Uma das primeiras experiências com a droga é expressa a partirdas seguintes sensações:Eu era evidentemente um ignorante na arte e nos mistérios do ópio, e o quetomei, tomei sob todas as desvantagens. Mas tomei, e dentro de uma hora,oh céus, que revolução! Que ascensão dos mais profundos abismos do meuespírito! Um apocalipse do mundo dentro de mim! O ter-me aliviado dasminhas dores era agora insignificante diante de meus olhos: todo aspectonegativo foi tragado pela imensidade daqueles efeitos positivos que seabriram diante de mim, no abismo da alegria então repentinamente revelada(DE QUINCEY, 2001, p. 79, grifo nosso).A cessação das dores parecia desprezível frente às outras sensaçõesobtidas através dos efeitos positivos proporcionados pela droga. Em outro episódiode sua autobiografia, o autor busca descrever diferenças entre o vinho e o ópio. DeQuincey exaltava as propriedades do último, dizendo que o mesmo era responsável34 Vale salientar que além dos longos dias de jejum, responsáveis pelos problemas no estômago, o relato deThomas De Quincey indica que tais dores, também, estariam ligadas aos sofrimentos psíquicos e à profundasolidão experienciada, na infância e juventude, razões para a instalação de sua dependência.65

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