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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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A clínica, não nasce, a exemplo do que costuma ocorrer, de umadecodificação a partir de um código bem regular – é o caso hoje da leiturapsicanalítica, e ao que se pretende o pragmatismo behaviorista –, e sim deuma decifração casual do secreto, que só pode ser entredescoberto nomovimento e na relação (OLIEVENSTEIN, 1985, p. 54).É bem verdade que na clínica da toxicomania notamos, com demasiadafreqüência, o contraponto feito pelo paciente às interpretações do analista. Isso nãorepresenta uma mera resistência ao tratamento, como justificam algumasexplicações simplistas, mas o que está em questão é que tais interpretações nãodizem respeito às suas sensações e vibrações. O clínico deve ser conduzido porseus gestos e com sutileza apreender “não o que é o toxicômano, mas o seu modode proceder” (OLIEVENSTEIN, 1985, p. 55).A clínica, caracterizada, essencialmente, por flutuações e movimentos, deveir ao encontro da batalha íntima, vivenciada por cada toxicômano – uma sucessãode tempestades impedindo o descanso. Não se trata de decifrar o inconsciente,como linguagem, mas de isolar, passo a passo, da ordem “relacional” aquelascombinações que se tornam compreensíveis e sobre as quais podemos ser eficazes(OLIEVENSTEIN, 1985, p. 56). É evidente que quando trata de “combinaçõescompreensíveis”, o autor não pretende com isso falar de um arranjo seqüenciallógico, ao contrário, a combinação pode não apresentar sentido aparente, mas,obrigatoriamente, deve-se propiciar o seu aparecimento.E é justamente este lado obrigatório que faz com que ela se torne inteligível,pois ela intervém na ausência de qualquer tipo de lógica, para significar queaqui não cabe ordem nem razão: o psiquismo formado deve produzir aquilo(p.56). (...) Fica assim bem evidente para nós a desqualificação dobehaviorismo, que funciona como um serralheiro que pretende a qualquerpreço abrir uma porta sem fechadura, com uma chave. Pois se há criaçãode sentido, não há e nem pode haver desvendamento do sentido latente.Não há e nem pode haver aceitação da lei sócio-familiar, a não ser que setrancafie o indivíduo como uma verdadeira prisão, e que não se atribuanenhuma importância à suas dores, angústia, feridas e carência(OLIEVENSTEIN, 1985, p. 57).O autor trabalha, também, na perspectiva de que uma clínica não se constróiem cinco ou cem anos, ou seja, é função de cada clínico fazer pesquisas paraverificar o caráter de cada dado. “Cada situação manifesta – vivida na relação – éfugidia, transitória, imediatamente posta em posição de competição com outras132

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