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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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O “dependente em recuperação” é aquele que precisa estar em constantemanutenção do tratamento para não se deixar recair. A marca da sensação quedesencadeia o impulso por mais uma dose estará sempre ali, mesmo que negadapela interrupção do uso do tóxico. A tendência a retornar faz-se presente como umaameaça constante, como se a droga tivesse que ser “temporariamente eliminada”, eesse movimento temporário é repetido todos os dias e por toda a vida em ummovimento que não se encerra. A manutenção da negação é claramente vivenciadanas experiências semanais, vividas em grupos de apoio como nas salas de AA(Alcoólatras Anônimos) e NA (Narcóticos Anônimos). É como se os membros dessesgrupos fizessem um pacto de encontro e que, a cada nova reunião, fosse reforçadaa negação daquilo que nunca se cala.Nossa crítica não é no intuito de questionar a eficácia desses métodos, atéporque temos conhecimento de que apresentam resultados consideráveis paraaqueles que os procuram. O que estamos propondo, nesse segundo pilar de nossotripé, é que o sujeito possa encontrar no tratamento um espaço criativo, que opermita conhecer suas potencialidades e capacidades, ou seja, descobrir o que elepode vir a ser (no sentido nietzschiano). Aquele que se envereda para o caminho dadroga não pode ter sua identidade restringida ao aspecto da dependência. Aimpossibilidade de desfazer esse lugar, que lhe foi imposto, determinará também adificuldade de fazer o luto da droga – a renúncia do objeto enquanto objeto dapulsão.Além do luto com o objeto droga, conseguido através de estratégias deevitação: de lugares e pessoas que proporcionariam tal encontro, temos a convicçãode que o sujeito deverá passar, também, por uma renúncia pulsional. Queremos,com isso, afirmar que não será possível a realização de uma substituição completa,ou seja, que garanta toda a satisfação conseguida através dos efeitos intoxicantes.Um trabalho de elaboração e o encontro com a palavra permitirão uma sustentaçãopara que tal renúncia aconteça e o sujeito encontre vias mais “orientadas” de obterprazer. A esse respeito, Freud afirmou, enfaticamente, que o princípio de realidadenão se tratava de uma renúncia total da satisfação, mas uma forma de preservá-la,através de um possível adiamento.151

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