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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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situações manifestas, aparentemente tão inteligíveis e lábeis quanto aquela” (1985,p. 58). Tanto o sistema neurofisioquímico como o psiquismo sempre participará deformação de “estruturas” muito mais plásticas e “mutáveis” do que estamosacostumados na teoria.Gostaríamos de dar ênfase ao aspecto da bipolaridade, ou seja, a maneiracomo Olievenstein define a relação terapêutica. Toxicômano e terapeuta seriamvistos como parceiros, no sentido de serem movidos por uma atração recíproca,criando uma situação indispensável ao tratamento. Por sua vez, a demonstração dedesordem, dada pelo discurso “sem-sentido” do toxicômano, passa a ser substituídapela busca de uma bipolaridade criadora de sentido, que por sua vez só serápossível através de uma “melodia”, na qual o indivíduo sinta que o que se passa é“verdadeiro” para os dois. “Esta melodia de partitura dual não é só um ingrediente.Sem ela não haveria clínica, ela é o óleo que permite ao motor da ‘criação emprocesso’ existir” (OLIEVENSTEIN, 1985, p. 67). É a melodia que se tornaresponsável pela recuperação da ordem quando o caos e a desordem invadem arelação. Noutros termos, compreendemos que a relação estabelecida entre “osparceiros” é a principal responsável por gerar sentido; portanto o clínico deve ocuparuma posição “além do bem e do mal, além da boa ou da má técnica, sem abandonarjamais aquilo que o toxicômano espera com avidez, isto é, o papel do terapeuta e doclínico que leva, pouco a pouco, o paciente a construir uma identidade diferente dado toxicômano” (OLIEVENSTEIN, 1985, p. 61-2). É, justamente, o “encontro”, quefará avançar o tratamento, no qual o terapeuta incorpora a falta, ao mesmo tempoem que se torna o ser mais seguro de “todos” que o toxicômano deu importância,dentre eles o traficante. Nesse encontro, o toxicômano entra em um jogo desedução, erotização, luto, agressões e auto-mutilações, numa tentativa insistente de“querer possuí-lo”.O terapeuta deve ser capaz de prestar-se a isto, ao mesmo tempo em quedeve a cada instante reiterar que possui a experiência de criar este tipo derelação, e que seu desejo é ao mesmo tempo igual, e outro que não o dotoxicômano (OLIEVENSTEIN, 1985, p. 59).Quanto ao que precede o estabelecimento de tal relação, a própriaexperiência tem mostrado que são as situações de sofrimento, causadas pelaimpossibilidade física, psíquica, social, financeira ou familiar de se manter fazendo133

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