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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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Falando em dependência, como é que se constitui a dependência? Como foique se instalou a tua dependência?Gradativamente, porque na minha família já tem alguns fatores. Meu pai eraalcoólatra, já cansei de ver meu pai bêbado, agredindo minha mãe, e naquela épocacomo criança eu dizia: “Eu nunca vou chegar nesse estágio”. Mas depois disso eu jácomecei a beber, pois era como é hoje, de fácil acesso. Eu sempre pensei que abebida era a porta de entrada, e depois entrou maconha. No começo, as pessoasmais próximas diziam: “Não mexe com isso, isso vai fazer mal para você”. Mas eusempre achei que era capaz de parar. E, na medida em que, a coisa foi andando, fuitrocando de droga, uma droga mais forte, então, maconha, cocaína. E eu inventei detomar cocaína injetável, antes de aspirada. Quando minha esposa ficou grávida, eeu ia casar, eu disse: “Bom, agora eu preciso parar”. Foi ai que eu percebi que eu jáera um dependente, porque eu tentei parar e não dei conta. Eu parava assim, 15dias e voltava a usar. Depois veio o nascimento da minha filha, parei durante ummês e voltei a usar.E, durante esse tempo que ficava sem usar, você ficava apenas pesandonisso?Não. Porque trabalhava, tinha as obrigações. E na época eu achava que a bebidanão era o problema, eu sempre achei que o problema fosse droga, cocaína,mesclado e durante as paradas tinha sempre a cerveja envolvida, então, dequalquer forma ela supria no meu organismo, e segurava a vontade de usar. Masnão por muito tempo, logo queria voltar para droga.Como é que você descreve essa vontade de usar?A vontade de usar droga? É uma coisa... (suspiro) que vem lá do fundo! Uma coisaque..., quando você está na ativa, você não consegue barrar essa vontade. A forçadela na cabeça, no cérebro, no psíquico, no corpo é um aglomerado que você nãoconsegue parar não. Em muitas situações de uso, não queria usar mais, por causado sofrimento, mas a força da dependência é muito maior. Então você acabavausando. Então, não tem jeito de descrever, assim, é até difícil... Fazia tempo queninguém me perguntava essas coisas. Então é uma coisa que já estava bem... Eunão me lembro, assim, com certa facilidade como era essa vontade. Mas era umnegócio doido. E usava e queria usar. Quando começava eu não queria parar. Aescravidão frente à droga é grande, porque dizia: agora chegar, não quero mais.179

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