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Isabela Arteiro_dissert.pdf - Unicap

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Freud, em O Mal-Estar na Civilização (1930), apresenta a sublimação comouma saída para as forças pulsionais, possibilitando um destino que atenderá àsexigências psíquicas e civilizatórias, tal como uma negociação que intensificaria aprodução do prazer a partir das fontes de trabalho psíquico e intelectual. Aqui seexpressariam, por exemplo, "a alegria do artista em criar, em dar corpo às suasfantasias ou a do cientista em solucionar problemas ou descobrir verdades" (FREUD1930, p. 98). A esse respeito, poderíamos destacar a luta empreendida por pessoasque com muito esforço conseguem entrar no universo das comunidades a fim dedesenvolver um trabalho voltado à produção artística e ao esporte. Contudo, essesprojetos esbarram com a dura realidade: a criança da favela não brinca, ela tambémprecisa sobreviver ao caos social, não há alguém por ela que venha provê-la comalimento e carinho; desde cedo, servirá de “laranja” ou “aviãozinho” para os maisvelhos do tráfico de drogas, encontrando aí saída para o desamparo a que estáexposta.Aqueles que não se sentem habilitados para conquistar espaço decidadania através do exercício de uma profissão reconhecida, ou que não se viramafortunados por uma herança familiar, tornaram-se “habilitados” em gerenciartraficantes menores e distribuidores de seus produtos. Esses, que desde criançasforam inseridos na realidade do narcotráfico demonstram duas características muitomarcantes: por um lado não têm sonhos que possam ser projetados e arquitetados,por outro, parecem não temer nada, apresentando um ar de hostilidade diante da leie da polícia.Efetivamente, o que ocorre no imaginário dos jovens de uma sociedadepós-moderna caracterizada como: esvaziada de projetos coletivos designificação mais ampla para sociedade como um todo; decomposta nassuas referências básicas (e tradicionais) - família, trabalho, religião, classede pertença - enquanto fundamentos de estruturação das identidades;desestabilizada em face da dessimbolização da lei? (Takeuti, 2002, p. 22,grifo da autora).É provável que fatores como a omissão do poder público e a permissividadeda sociedade em relação ao álcool e outras drogas contribuem em muito para oquadro atual. Supomos que a problemática da ineficácia da lei não significa,necessariamente, que as pessoas sejam apenas indiferentes à força da lei, mas simque a lei vai perdendo sustentação na cultura como um todo. As leis existem, mas52

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