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Texto completo em PDF - Museu da Vida

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Experiências educativas alternativas<br />

Exist<strong>em</strong> diversos programas educativos espalhados pelo país que são propostos e organizados por enti<strong>da</strong>des<br />

liga<strong>da</strong>s aos movimentos negros brasileiros. Para Campos, a diferença fun<strong>da</strong>mental entre essas propostas e o<br />

ensino escolar "é o comprometimento <strong>da</strong>queles que montam os programas. Em geral são frutos de experiências<br />

de grupos ligados aos probl<strong>em</strong>as dos afro-descendentes; buscam, sobretudo, a eliminação <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de<br />

através de um instrumento poderoso: a consciência ca<strong>da</strong> vez maior <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong>de". Como ex<strong>em</strong>plos, o<br />

pesquisador cita o Projeto <strong>da</strong> Mangueira, voltado para os esportes, que já existe há muito t<strong>em</strong>po, além de<br />

experiências que têm levado meninos e meninas às escolas de sambas-mirins no Rio de Janeiro.<br />

Barreto, que t<strong>em</strong> acompanhado de perto alguns projetos na área de educação impl<strong>em</strong>entados por organizações<br />

anti-racistas e/ou culturais de Salvador, destaca como ex<strong>em</strong>plos b<strong>em</strong> sucedidos a Escola Criativa do Olodum, o<br />

projeto de extensão pe<strong>da</strong>gógica do Ilê Aiyê e o Ceafro. "Essas experiências têm sido importantes por<br />

fomentar<strong>em</strong> o debate e gerar<strong>em</strong> d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s por mais quali<strong>da</strong>de do ensino público, por um currículo menos<br />

eurocêntrico e mais multicultural e multirracial, por melhores livros didáticos e por um ambiente racialmente<br />

mais d<strong>em</strong>ocrático nas escolas", diz Barreto. O mais interessante é que esses projetos se transformaram <strong>em</strong><br />

referência para as políticas adota<strong>da</strong>s por órgãos oficiais como o Ministério Educação (MEC) e as Secretarias de<br />

Educação. Combinando educação formal e não-formal esses projetos tratam, por ex<strong>em</strong>plo, de conteúdos<br />

presentes no currículo oficial <strong>em</strong> espaços como os barracões dos terreiros de candomblé ou as quadras dos<br />

blocos afro; outros utilizam parte <strong>da</strong> produção cultural <strong>da</strong>s organizações - letras de música, mitos africanos etc.<br />

- no currículo <strong>da</strong>s escolas regulares. O ensino de História <strong>da</strong> África, na escola do Ilê Aiyê, já acontece há vários<br />

anos.<br />

Para Barreto "é de fun<strong>da</strong>mental importância o fato de que as crianças e jovens negros e mestiços são<br />

positivamente valorizados nesses projetos, elas são considera<strong>da</strong>s como portadores de direitos, o que t<strong>em</strong> um<br />

efeito direto sobre a auto-imag<strong>em</strong> e a construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de pessoal e coletiva". Atualmente, a socióloga<br />

trabalha com projetos educativos voltados para a d<strong>em</strong>ocratização do acesso e a permanência de estu<strong>da</strong>ntes<br />

negros e mestiços no ensino superior e coordena o programa A cor <strong>da</strong> Bahia, que há dez anos realiza<br />

pesquisas, publicações e ativi<strong>da</strong>des de formação na área de relações raciais, cultura e identi<strong>da</strong>de negra na<br />

Bahia. Desde 2002, o programa desenvolve o projeto tutoria, que cria estratégias diversas para estimular,<br />

apoiar e promover a formação de estu<strong>da</strong>ntes negros que ingressaram na Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia. Com o<br />

apoio do programa Políticas <strong>da</strong> cor fornec<strong>em</strong> bolsas de aju<strong>da</strong> de custo aos alunos e orientação acadêmica,<br />

visando o ingresso destes no mercado de trabalho e <strong>em</strong> cursos de pós-graduação <strong>em</strong> condições mais<br />

competitivas. Na opinião de Barreto, ain<strong>da</strong> há muito para ser feito com no sentido de assegurar uma maior<br />

d<strong>em</strong>ocratização - <strong>em</strong> termos raciais e econômicos - do sist<strong>em</strong>a de ensino superior público.<br />

"É preciso entender que a desigual<strong>da</strong>de no Brasil t<strong>em</strong> cor, nome e história. Esse não é um probl<strong>em</strong>a dos negros<br />

no Brasil, mas sim um probl<strong>em</strong>a do Brasil, que é de negros, brancos e outros mais", avalia Gomes.<br />

Atualizado <strong>em</strong> 10/11/2003<br />

125<br />

(SD)

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