Texto completo em PDF - Museu da Vida
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divulgação científica é pelo modelo que Vogt chama de d<strong>em</strong>ocrático. Este modelo, de acordo<br />
com o lingüista,<br />
ao invés de imputar os desentendimentos relativos à ciência ao grande público, prefere<br />
procurar uma compreensão mais profun<strong>da</strong> <strong>da</strong>s causas culturais e institucionais para<br />
esses desencontros, buscando, desse modo, não apenas informar a socie<strong>da</strong>de, mas<br />
formar e desenvolver-lhe um espírito crítico que lhe permita não só compreender, mas<br />
também avaliar os fatos e os acontecimentos científicos, seus riscos e relevância social<br />
(VOGT, 2001).<br />
O modelo d<strong>em</strong>ocrático de divulgação científica defendido por Vogt contém aspectos<br />
dos três modelos apontados por LEWENSTEIN (2003, pp. 3-6) como projetos<br />
comunicacionais alternativos às falhas do modelo deficitário: o contextual, que “admite que<br />
os indivíduos não respond<strong>em</strong> à informação simplesmente como recipientes vazios, mas antes<br />
processam a informação de acordo com esqu<strong>em</strong>as sociais e psicológicos”; o <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de<br />
leiga, que “assume que o conhecimento local pode ser tão relevante para resolver um<br />
probl<strong>em</strong>a quanto o conhecimento técnico”; e o <strong>da</strong> participação do público, focado “<strong>em</strong> uma<br />
série de ativi<strong>da</strong>des planeja<strong>da</strong>s para aumentar a participação do público e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a<br />
confiança na política científica”.<br />
Vogt procura colocar <strong>em</strong> prática essa concepção através <strong>da</strong> revista eletrônica<br />
ComCiência, <strong>da</strong> qual é diretor de Re<strong>da</strong>ção. A linha editorial <strong>da</strong> revista segue os ensinamentos<br />
do divulgador José Reis, que buscava “a alegria de tomar essa matéria científica e transformá-<br />
la <strong>em</strong> algo que o público enten<strong>da</strong>, já s<strong>em</strong> palavreado técnico” 2 . A escolha do léxico e a<br />
estruturação dos textos voltados para informação do público não especializado é uma <strong>da</strong>s<br />
preocupações dos comunicadores que se filiam ao modelo d<strong>em</strong>ocrático de divulgação<br />
científica que Vogt propõe. Além <strong>da</strong> preocupação com o uso de um léxico que seja acessível a<br />
leitores de formações diversas, o corpo editorial dessa publicação procura <strong>da</strong>r enfoques<br />
sociais às questões científicas e tecnológicas, abor<strong>da</strong>ndo, por ex<strong>em</strong>plo, a exclusão digital, ao<br />
tratar de Socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Informação, ou a apropriação do conhecimento tradicional de povos<br />
indígenas por laboratórios farmacêuticos, <strong>em</strong> reportagens sobre biodiversi<strong>da</strong>de.<br />
A equipe de re<strong>da</strong>tores <strong>da</strong> revista, apesar de sua formação discursiva diversa – com<br />
repórteres oriundos <strong>da</strong> física, <strong>da</strong> biologia, <strong>da</strong>s ciências sociais, <strong>da</strong> lingüística e do jornalismo,<br />
entre outras áreas –, tenta ampliar ao máximo a acessibili<strong>da</strong>de de seus textos através <strong>da</strong><br />
escolha lexical, na referência a termos técnicos e científicos, recorrendo a paráfrases ou<br />
2 Epígrafe do capítulo seis do livro Cientistas, Jornalistas e a Divulgação Científica – subjetivi<strong>da</strong>de e<br />
heterogenei<strong>da</strong>de no discurso <strong>da</strong> divulgação científica, de Lílian Zamboni.<br />
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