Texto completo em PDF - Museu da Vida
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Levando-se <strong>em</strong> conta a observação de Epstein quanto aos diferentes conceitos de<br />
“novi<strong>da</strong>de”, pod<strong>em</strong>os dizer que o trabalho científico dirigido aos pares de seu autor tratou<br />
como “novi<strong>da</strong>de” o foco do trabalho na técnica <strong>da</strong> espectrometria de massa, além de<br />
apresentar o seqüenciamento de determinados peptídeos e proteínas, que “contribuiu para<br />
estudos de cinco laboratórios do país”, segundo a notícia sobre o t<strong>em</strong>a. Esta última, por sua<br />
vez, apresentou como “novi<strong>da</strong>de” uma ciência pura (ou básica), cujo conhecimento produzido<br />
através do seqüenciamento de proteínas, pode ser aplicado na produção de novos<br />
medicamentos. Tanto essa notícia sobre síntese de proteínas quanto a outra sobre<br />
medicamentos para supressão <strong>da</strong> menstruação contextualizam no último parágrafo as<br />
respectivas pesquisas divulga<strong>da</strong>s: a primeira, mencionando o orientador <strong>da</strong> tese, “um dos<br />
primeiros pesquisadores a utilizar o termo ‘proteoma’ no Brasil”, e ca<strong>da</strong> um dos laboratórios<br />
para os quais a pesquisa colaborou; a segun<strong>da</strong>, inserindo a discussão sobre as fronteiras entre<br />
natureza e cultura nas questões levanta<strong>da</strong>s pelos avanços <strong>da</strong> nanociência e <strong>da</strong>s biotecnologias,<br />
e coloca<strong>da</strong>s <strong>em</strong> evidência naquele ano <strong>em</strong> que se com<strong>em</strong>oravam os 50 anos <strong>da</strong> formulação <strong>da</strong><br />
estrutura do DNA <strong>em</strong> dupla hélice.<br />
d) O discurso do “outro” que dá credibili<strong>da</strong>de à notícia<br />
Conforme comentamos brev<strong>em</strong>ente no it<strong>em</strong> “b” deste capítulo, a fala de um cientista,<br />
seja na forma de discurso direto ou indireto, é um dos fatores que confer<strong>em</strong> credibili<strong>da</strong>de ao<br />
discurso jornalístico. ZAMBONI (1997, pp. 76-77) critica o quadro <strong>da</strong> enunciação proposto<br />
por AUTHIER (1982, p. 36) ao tratar do discurso de divulgação científica, que envolve uma<br />
dupla estrutura enunciativa: a enunciação do discurso vulgarizador <strong>em</strong> vias de se reproduzir,<br />
manifesta<strong>da</strong> numa ancorag<strong>em</strong> t<strong>em</strong>poral marca<strong>da</strong>; e a enunciação do discurso científico, que<br />
aparece grand<strong>em</strong>ente sob a forma do discurso indireto, <strong>em</strong> que o nome dos enunciadores, seu<br />
estatuto de especialistas e o t<strong>em</strong>po de enunciação são especificados com abundância e rigor.<br />
ZAMBONI (1997, p. 80) considera que “o discurso relatado não pode ... ser tomado como<br />
traço caracterizador <strong>da</strong> divulgação científica, mesmo que entre aí como a voz do<br />
‘especialista’”, e l<strong>em</strong>bra que “no discurso de transmissão de informações do gênero<br />
jornalístico, o discurso relatado também aparece como componente de grande peso”.<br />
Zamboni está certa nesse último ponto, quando trata do texto jornalístico <strong>em</strong> geral,<br />
pois uma notícia sobre política que traz a fala de um personag<strong>em</strong> do alto escalão do governo<br />
confere mais credibili<strong>da</strong>de do que outra que traz algo do tipo “revela uma fonte liga<strong>da</strong> ao<br />
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