Texto completo em PDF - Museu da Vida
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uma seita religiosa volta<strong>da</strong> para a clonag<strong>em</strong> humana; ou os recortes de depoimentos e sua<br />
disposição formando determina<strong>da</strong> construção de sentidos, tanto na reportag<strong>em</strong> de Susana<br />
Dias, sobre o Dia <strong>da</strong> Consciência Negra, quanto nas notícias de Carolina Cantarino, sobre<br />
pesquisas volta<strong>da</strong>s para diminuir a exclusão aos negros na educação, e de Solange Henriques,<br />
sobre a polêmica entre cientistas e parlamentares a respeito <strong>da</strong> legislação que regulamenta a<br />
clonag<strong>em</strong>. Pod<strong>em</strong>os mencionar, ain<strong>da</strong>, as escolhas lexicais que Octavio Ianni faz na<br />
composição de seu artigo, deixando clara a sua posição <strong>em</strong> relação às correntes teóricas <strong>da</strong>s<br />
Ciências Humanas que privilegiam o ocidente como símbolo <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de.<br />
Os recortes de falas e a construção de sentidos que apontamos como ex<strong>em</strong>plos de<br />
marcas de subjetivi<strong>da</strong>de são características do discurso jornalístico <strong>em</strong> geral, e além de revelar<br />
o trabalho do sujeito repórter/re<strong>da</strong>tor, também aponta indícios para o posicionamento geral do<br />
veículo. Esse posicionamento, no caso de gêneros como a notícia e a reportag<strong>em</strong>, já part<strong>em</strong> <strong>da</strong><br />
própria escolha de pauta, <strong>em</strong> qualquer veículo de comunicação. De acordo com Cr<strong>em</strong>il<strong>da</strong><br />
MEDINA (1978, p. 92), “uma <strong>da</strong>s primeiras funções do editor ... é a determinação dos<br />
assuntos a ser<strong>em</strong> cobertos e a coordenação dos repórteres”. Segundo ela, “se o editor recebe<br />
sugestões de pauta dos repórteres, ain<strong>da</strong> assim ele julga as viabili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> matéria”. CALDAS<br />
et alli (2004, p. 3) consideram que “deixar de pautar determinado assunto ou privilegiar um<br />
t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> detrimento de outro” consiste <strong>em</strong> um silêncio “pleno de significado por apresentar-se<br />
como uma política” do veículo de comunicação. Sobre essa escolha que a mídia faz do que é<br />
ou não notícia, ABRAMO (2003, p. 26) diz que<br />
o mundo real não se divide <strong>em</strong> fatos jornalísticos e não-jornalísticos, pela primária<br />
razão de que as características jornalísticas, quaisquer que elas sejam, não resid<strong>em</strong> no<br />
objeto <strong>da</strong> observação, e sim no sujeito observador e na relação que este ... ou melhor,<br />
o órgão do jornalismo, a imprensa, decide estabelecer com a reali<strong>da</strong>de.<br />
Em relação à escolha de pautas, cabe observar que no caso <strong>da</strong> revista ComCiência,<br />
como já destacamos anteriormente, a linha editorial do veículo reserva um espaço<br />
considerável a t<strong>em</strong>as ligados às Ciências Humanas, sobre os quais a mídia costuma<br />
“silenciar”, ou quando os trata, não os classifica sob o prestigiado rótulo de “Ciência”. Os<br />
gêneros notícia e reportag<strong>em</strong> também pod<strong>em</strong> <strong>da</strong>r indícios do posicionamento geral do veículo<br />
no próprio texto final publicado, já que as construções de sentido realiza<strong>da</strong>s pelos<br />
repórteres/re<strong>da</strong>tores passam por um processo de edição. Observamos, ain<strong>da</strong>, que não apenas<br />
as pautas de notícias e reportagens pod<strong>em</strong> <strong>da</strong>r indícios do posicionamento geral do veículo,<br />
mas também as escolhas dos personagens sociais que são colocados <strong>em</strong> evidência nas<br />
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