Texto completo em PDF - Museu da Vida
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acerca do assunto sobre o qual ele está discorrendo. No capítulo dedicado ao gênero<br />
reportag<strong>em</strong>, observamos que mesmo <strong>em</strong> textos não necessariamente assinados – já que a<br />
autoria explicita<strong>da</strong> de reportagens e notícias depende <strong>da</strong> política editorial de ca<strong>da</strong> veículo –, é<br />
possível observar as marcas do sujeito/autor <strong>em</strong> sua construção, pois segundo POSSENTI<br />
(1988, p. 167), “nenhuma linguag<strong>em</strong> é o que é por natureza, mas sim como resultado do<br />
trabalho de seus construtores/usuários” (grifo do autor). Esse trabalho do sujeito/autor<br />
apontado por Possenti está relacionado ao que BAKHTIN (1997, p. 355) chama de<br />
observação que é parte integrante do objeto observado, e conforme mencionamos<br />
anteriormente, uma <strong>da</strong>s marcas do caráter subjetivo do discurso é justamente o trabalho de<br />
escolha do sujeito/autor (tanto na seleção do que dizer quanto na do como dizer), escolha essa<br />
que pode trazer implícito ou explícito um certo juízo de valor. Vale l<strong>em</strong>brar, mais uma vez,<br />
que “é fun<strong>da</strong>mental separar e distinguir informação de opinião, indicar as diferenças de<br />
conteúdo e forma dos gêneros jornalísticos, e apresentar to<strong>da</strong> a produção jornalística ao leitor<br />
... de forma que ele perceba imediatamente o que é exposição <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de e o que é<br />
ajuizamento de valor” (ABRAMO, 2003). Os fragmentos abaixo traz<strong>em</strong> juízos de valor<br />
explícitos e mostram a opinião – espera<strong>da</strong> e pressuposta no gênero resenha – do historiador<br />
Daniel Chiozzini acerca do livro de Robert Slennes.<br />
(Resenha 1 - Fragmento 1)<br />
A obra do historiador Robert Slennes é, indubitavelmente, uma <strong>da</strong>s grandes<br />
referências para entendermos como a escravidão foi um dos fun<strong>da</strong>mentos de um<br />
sist<strong>em</strong>a produtivo durante aproxima<strong>da</strong>mente 300 anos e, mais ain<strong>da</strong>, como o negro<br />
resistiu à opressão que sofreu durante esse período. (grifo meu)<br />
No primeiro trecho <strong>da</strong> resenha <strong>em</strong> que menciona o livro de Slennes – após os dois<br />
parágrafos introdutórios que têm como objetivo apresentar ao leitor leigo abor<strong>da</strong>gens<br />
históricas que vão além <strong>da</strong>s “generalizações her<strong>da</strong><strong>da</strong>s dos bancos escolares” –, Chiozzini o faz<br />
de forma exaltativa, ou seja, coloca o livro como “uma <strong>da</strong>s grandes referências” para o<br />
entendimento <strong>da</strong>s questões que ele próprio levanta nos parágrafos introdutórios <strong>da</strong> resenha.<br />
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