Texto completo em PDF - Museu da Vida
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V – Artigo: com a palavra, a autori<strong>da</strong>de<br />
De acordo com o Novo Manual <strong>da</strong> Re<strong>da</strong>ção, do jornal FOLHA DE S. PAULO (1992,<br />
p. 123), o artigo é um gênero jornalístico s<strong>em</strong>pre assinado, que pode ser escrito <strong>em</strong> primeira<br />
pessoa e traz a interpretação ou opinião do autor sobre determinado assunto. No caso de<br />
textos com informação sobre ciência e tecnologia, cabe diferenciar aqui o artigo científico<br />
publicado <strong>em</strong> revista especializa<strong>da</strong> – assinado por um ou mais cientistas e voltado para os<br />
pares, ou seja, para cientistas <strong>da</strong> mesma área ou de áreas afins – do artigo de divulgação<br />
científica publicado <strong>em</strong> veículo voltado para um público mais amplo – jornal ou revista –, que<br />
não necessariamente precisa ser assinado por um cientista.<br />
CORACINI (1991, p. 64) afirma que no texto científico voltado para os pares – seja<br />
ele um artigo para revista especializa<strong>da</strong> ou uma tese acadêmica –, “os <strong>da</strong>dos bibliográficos<br />
têm como finali<strong>da</strong>de básica apoiar os próprios argumentos”. Já o artigo de divulgação<br />
científica publicado <strong>em</strong> veículo voltado para o público leigo, por sua vez, pode ou não conter<br />
referências a outros autores. Conforme já observei anteriormente (CUNHA, 2003b, p. 13),<br />
“pelo fato do autor do artigo de divulgação científica ser, geralmente, uma autori<strong>da</strong>de no<br />
assunto que abor<strong>da</strong> <strong>em</strong> seu texto” – pelo menos <strong>em</strong> relação ao público leigo – “ele não precisa<br />
inserir <strong>em</strong> seu texto a fala de um colega cientista para ter credibili<strong>da</strong>de”, considerando que<br />
segundo MAINGUENEAU (1987, p. 37), “o discurso só é ‘autorizado’ e, conseqüent<strong>em</strong>ente,<br />
eficaz se for reconhecido como tal”.<br />
Os artigos publicados na revista de divulgação científica ComCiência selecionados<br />
para análise neste capítulo – “A questão racial” 15 , de Octavio Ianni, ex-professor do Instituto<br />
de Filosofia e Ciências Humanas <strong>da</strong> Unicamp, (que designarei adiante por “Artigo 1”), e<br />
“Na<strong>da</strong> contra a clonag<strong>em</strong>” 16 , de Bernardo Beiguelman, do Instituto de Ciências Biomédicas<br />
<strong>da</strong> USP (que passarei a designar adiante por “Artigo 2”) – não contêm uma referência<br />
bibliográfica sequer. O artigo de Octavio Ianni menciona o nome de alguns autores, mas não<br />
transcreve e n<strong>em</strong> cita trechos de suas obras, apenas “dialoga” de certa forma com eles. A<br />
seguir, tratar<strong>em</strong>os desse caráter dialógico que há no “Artigo 1” e <strong>em</strong> todo gênero de discurso<br />
(cf. BAKHTIN, 1997).<br />
No discurso <strong>da</strong> ciência e no discurso de divulgação científica – assim como <strong>em</strong><br />
qualquer outro gênero do discurso –, “a parciali<strong>da</strong>de e a limitação de um ponto de vista (de<br />
um observador) são algo que s<strong>em</strong>pre pode ser retificado, completado, transformado<br />
15 Disponível na Internet <strong>em</strong> http://www.comciencia.br/reportagens/negros/11.shtml<br />
16 Disponível na Internet <strong>em</strong> http://www.comciencia.br/reportagens/clonag<strong>em</strong>/clone11.htm<br />
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