Texto completo em PDF - Museu da Vida
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do discurso” (POSSENTI, id<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>), ou seja, é preciso notar os valores que ele deixa<br />
transparecer na justificativa para o 13 de maio ain<strong>da</strong> ser com<strong>em</strong>orado por algumas<br />
comuni<strong>da</strong>des negras. No fragmento abaixo, a historiadora baiana cita<strong>da</strong> acima também<br />
dialoga com uma professora de história do estado de São Paulo, quando, a partir <strong>da</strong><br />
construção textual feita pela repórter <strong>da</strong> ComCiência, ambas comentam sobre os livros<br />
didáticos de história.<br />
(Reportag<strong>em</strong> 1 - Fragmento 2)<br />
No início de seu man<strong>da</strong>to, o presidente Lula aprovou a inclusão do Dia Nacional <strong>da</strong><br />
Consciência Negra no calendário escolar e tornou obrigatório o ensino de história <strong>da</strong><br />
África nas escolas ... “Em geral, a história <strong>da</strong><strong>da</strong> segue o livro didático e ele é<br />
insuficiente para <strong>da</strong>r conta de uma forma mais ampla e crítica de to<strong>da</strong> a história”,<br />
ressalta [Albertina] Vasconcelos [<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual do Sudoeste <strong>da</strong> Bahia].<br />
Essa avaliação <strong>da</strong> historiadora é confirma<strong>da</strong> pela professora de história Ivanir Maia,<br />
<strong>da</strong> rede estadual paulista: “A maioria dos professores se orienta pelo livro didático<br />
para trabalhar os conteúdos <strong>em</strong> sala de aula. Nos livros de história, por ex<strong>em</strong>plo, o<br />
negro aparece basicamente <strong>em</strong> dois momentos: ao falar de abolição <strong>da</strong> escravatura e<br />
do apartheid”. (grifos meus)<br />
Cabe l<strong>em</strong>brar aqui que os ex<strong>em</strong>plos de dialogismo apresentados acima são típicos <strong>da</strong><br />
construção do texto jornalístico, mas é importante ressaltar que nessa construção não há<br />
apenas o trabalho de escolha <strong>da</strong>s palavras e <strong>da</strong>s estruturas sintáticas (cf. POSSENTI, 1988,<br />
p. 188). A primeira escolha a ser feita pelo repórter é a <strong>da</strong>s fontes que serão entrevista<strong>da</strong>s, e<br />
após as entrevistas, ele seleciona os trechos <strong>da</strong>s falas de suas fontes que entrarão na<br />
composição de seu texto e escolhe <strong>em</strong> que parte do texto esses trechos entrarão, podendo<br />
haver ain<strong>da</strong> um outro tipo de recorte ou mu<strong>da</strong>nça quando a matéria passa para as mãos do<br />
editor. Essa construção textual resulta no que KOCK (1995, p. 58) chama de polifonia,<br />
“fenômeno pelo qual, num mesmo texto, se faz<strong>em</strong> ouvir ‘vozes’ que falam de perspectivas ou<br />
pontos de vista diferentes com as quais o locutor se identifica ou não”. Todo esse processo de<br />
escolhas e recortes é suficiente para indicar marcas de subjetivi<strong>da</strong>de no discurso jornalístico<br />
(cf. POSSENTI, 1988), e para corroborar a idéia de que a objetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação é um<br />
mito já abandonado há muito t<strong>em</strong>po (cf. CALDAS, 2002). Voltar<strong>em</strong>os a falar adiante de<br />
outras marcas de subjetivi<strong>da</strong>de nos discursos de divulgação científica selecionados para<br />
análise neste capítulo, mas por enquanto, não pod<strong>em</strong>os deixar de observar que o trabalho<br />
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