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Texto completo em PDF - Museu da Vida

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I – Introdução<br />

As informações liga<strong>da</strong>s aos avanços <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> tecnologia estão diariamente <strong>em</strong><br />

to<strong>da</strong> a mídia, seja ela impressa, radiofônica, televisiva ou digital. O conhecimento científico,<br />

no entanto, atingiu atualmente um grau tão elevado de especialização, que o entendimento<br />

pleno do discurso que o t<strong>em</strong> como objeto pode ficar restrito aos acadêmicos de uma mesma<br />

formação discursiva.<br />

Isaac Epstein, pesquisador <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Metodista de São Paulo na área de<br />

processos comunicacionais, afirma que “a ignorância do público sobre fatos el<strong>em</strong>entares de<br />

ciência, mesmo <strong>em</strong> países do primeiro mundo, é surpreendente” (EPSTEIN,1998, p. 60). Ele<br />

ilustra a sua afirmação com <strong>da</strong>dos de uma pesquisa 1 <strong>da</strong> National Science Fou<strong>da</strong>tion, dos<br />

Estados Unidos, divulga<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1998, segundo a qual menos de 50% dos adultos norte-<br />

americanos sabiam que a Terra gira anualmente <strong>em</strong> torno do sol, apenas 21% conseguiam<br />

dizer o que é DNA e somente 9% sabiam o que é uma molécula. Essa pesquisa foi feita por<br />

amostrag<strong>em</strong>, com a aplicação de questionários, a ex<strong>em</strong>plo do que faz<strong>em</strong> os institutos de<br />

pesquisa ao avaliar as intenções de voto de um eleitorado. Para Epstein, o desconhecimento<br />

de informações científicas pelo público leigo, que os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa revelam, se deve a<br />

obstáculos <strong>da</strong> comunicação científica que pod<strong>em</strong> ser enfrentados através do uso de recursos<br />

lingüísticos, retóricos e de imag<strong>em</strong>.<br />

Segundo o lingüista Carlos VOGT (2001), coordenador do Laboratório de Estudos<br />

Avançados <strong>em</strong> Jornalismo (Labjor) <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de Campinas (Unicamp), há<br />

maneiras distintas de se tratar a divulgação científica. Uma delas, pelo modelo teórico<br />

conhecido como deficitário, segundo o qual, o principal probl<strong>em</strong>a na relação entre ciência e<br />

socie<strong>da</strong>de é a ignorância ou a incompreensão pública dos fatos, teorias e processos científicos.<br />

Esse modelo, baseado <strong>em</strong> levantamentos como o <strong>da</strong> National Science Fou<strong>da</strong>tion mencionado<br />

acima, defende que a comunicação científica deve ser volta<strong>da</strong> para “preencher” o que os seus<br />

adeptos chamam de “déficit” de conhecimento. Para Bruce Lewenstein, do Departamento de<br />

Comunicação <strong>da</strong> Cornell University, dos Estados Unidos, no entanto, as teorias sobre<br />

aprendizado mostram que as pessoas aprend<strong>em</strong> melhor quando os fatos e teorias têm<br />

significado <strong>em</strong> sua vi<strong>da</strong> pessoal. “Uma pessoa que não é cientista precisa saber a definição de<br />

DNA?”, questiona LEWENSTEIN (2003, p. 2). Outra maneira b<strong>em</strong> diferente de se pensar a<br />

1 AUGUSTINE, N. “What we don’t know does not hurt us. How scientific illiteracy hobbies society”. Science.<br />

Washinton DC, AAAS, 13 de março de 1999. pp. 1.640-1.641.<br />

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