Texto completo em PDF - Museu da Vida
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grifa<strong>da</strong> revela um juízo de valor <strong>da</strong> repórter sobre essa informação relata<strong>da</strong>, na construção de<br />
seu texto.<br />
(Reportag<strong>em</strong> 2 - Fragmento 11)<br />
O projeto científico-religioso dos raelianos concretizou-se na <strong>em</strong>presa Clonaid,<br />
dirigi<strong>da</strong> pela química (especialista <strong>em</strong> metais!) francesa, Brigite Boisselier. Mas o<br />
endereço, b<strong>em</strong> como as ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, são mantidos <strong>em</strong> segredo, por “razões<br />
óbvias de segurança”. Na França é que a Clonaid não deve estar, já que a reputação de<br />
Boisselier junto a seus colegas cientistas não é lá <strong>da</strong>s melhores. (grifos meus)<br />
O juízo de valor também está presente no fragmento acima <strong>da</strong> reportag<strong>em</strong> de Mônica<br />
Macedo sobre clonag<strong>em</strong>. As expressões grifa<strong>da</strong>s mostram o tom de ironia e desconfiança <strong>da</strong><br />
repórter <strong>em</strong> relação à <strong>em</strong>presa dedica<strong>da</strong> à clonag<strong>em</strong> e liga<strong>da</strong> à seita religiosa dos raelianos.<br />
Uma possível interpretação para a expressão de espanto entre parêntesis seria o seguinte<br />
questionamento: por que uma química especialista <strong>em</strong> metais estaria na direção de uma<br />
<strong>em</strong>presa que se diz volta<strong>da</strong> para a clonag<strong>em</strong> humana? A repórter também faz questão de<br />
colocar entre aspas as “razões óbvias de segurança” alega<strong>da</strong>s pela <strong>em</strong>presa para manter <strong>em</strong><br />
segredo seu endereço e suas ativi<strong>da</strong>des, provavelmente por não considerar essas razões tão<br />
óbvias assim. Segundo DUCROT (1981, p. 26), pod<strong>em</strong>os fazer esse tipo de inferência a partir<br />
<strong>da</strong>s “condições de manifestação <strong>da</strong> pressuposição, procurando relacioná-la ... ao tipo de<br />
diálogo no qual os enunciados estu<strong>da</strong>dos intervêm”. Acima, já mencionamos essas condições<br />
de manifestação e o tipo de diálogo que a reportag<strong>em</strong> de Mônica Macedo estabelece com os<br />
raelianos. A parte final do fragmento, que põe <strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de a <strong>em</strong>presa estar<br />
no país de orig<strong>em</strong> de sua diretora, é uma mera suposição pessoal <strong>da</strong> repórter, basea<strong>da</strong> na<br />
reputação que goza no meio científico francês a química que dirige a Clonaid.<br />
(Reportag<strong>em</strong> 2 - Fragmento 12)<br />
Algumas afirmações dos raelianos, entretanto, chegam a ser risíveis, tal como a do<br />
próprio Raël sobre a clonag<strong>em</strong> direta de indivíduos adultos ... Mas é preciso não nos<br />
enganarmos com o caráter desse movimento, pois não se trata de meros lunáticos.<br />
(grifos meus)<br />
No fragmento acima, o juízo de valor de Mônica Macedo <strong>em</strong> relação aos raelianos é<br />
ain<strong>da</strong> mais explícito. Ao julgar “risíveis” as afirmações do líder <strong>da</strong> seita, a repórter está<br />
provavelmente focalizando um determinado tipo de leitor virtual (cf. CORACINI, 1991,<br />
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